O cerco em torno de Bashar al Assad está crescendo. As forças da oposição, concentradas até então em pequenas e médias cidades da Síria, chegaram no início da semana à capital do país. Nesta quarta-feira (18/07), o quarto dia do conflito nas ruas da capital, os rebeldes realizaram um atentado que matou importantes oficiais do regime de Bashar, incluindo o ministro de Defesa. Enquanto isso, Estados Unidos e outras potências ocidentais pedem que o Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) aprove uma intervenção na Síria.
Assad ainda não se pronunciou após o atentado e especulações sobre seu paradeiro cresçem. Segundo o analista de Relações Internacionais, o professor Reginaldo Nasser, Assad tem duas opções: ou se entrega, como foi o caso de Hosni Mubarak no Egito, ou resiste até o fim, como fez o líder Muamar Kadafi.
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Para Nasser, ambas opções parecem improváveis. “Ele ainda tem bala na agulha, muita coisa para negociar para que não saia como esses governantes e isso também é um grande problema, porque nessas transições, a possibilidade desses governantes serem julgados e punidos é grande”. De acordo com o professor, Assad deve exigir garantias para sua saída.
O analista, no entanto, aponta que esta situação pode estar se alterando à medida que as forças de oposição ganham força. Segundo ele, se Bashar ainda não estiver em processo de negociação, talvez não tenha mais o poder de barganhar dentro de alguns dias.
Ataque
O Exército Livre da Sìria e o grupo rebelde Liwa al Islam (em português, Brigada do Islã) se responsabilizaram pelo ataque desta quarta-feira, confirmou a rede Al-Jazeera. O atentando “teve como alvo o comitê nomeado para controlar a crise na capital síria, Damasco”, escreveu um dos rebeldes na página do Facebook do grupo.
Entre os mortos estão o cunhado de Assad, Assef Shawkat – que era muito influente em assuntos de segurança interna –, o ministro da Defesa, Daoud Rajiha, seu vice, Asef Shawkat, e o ex-titular da pasta, Hassan Turkmani, entre outras figuras do governo. Não está claro se o ministro do Interior, Mohammad Ibrahim al-Shaar, foi morto no ataque. Há relatos de que o chefe do serviço de Inteligência, Hisham Ikhtiar, estaria gravemente ferido.
ONU
A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, pediu nesta quarta-feira uma resolução conjunta da ONU que interrompa a violência. O Conselho de Segurança deveria votar uma resolução sobre a Síria ainda hoje, mas devido aos recentes acontecimentos sua reunião será amanhã. “Toda a comunidade internacional precisa trabalhar junta para seguir adiante com este processo”, disse Merkel.
A posição de Berlim é a mesma do Reino Unido. O secretário de Relações Exteriores britânico, William Hague, disse que o ataque em Damasco mostra a necessidade de uma resolução conjunta da ONU. “Este incidente, que condenamos, confirma a urgência de uma resolução sob o Capítulo 7 da Carta da ONU”, afirmou Hague.
A inclusão do Capítulo 7, no entanto, é um dos pontos de discórdia dentro do Conselho de Segurança. Moscou é veementemente contra qualquer menção ao Capítulo 7, que poderia eventualmente permitir o uso de força para encerrar o conflito.
O ministro de Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, reiterou hoje que é contra a resolução defendida pelas potências ocidentais. “Uma batalha decisiva está em progresso na Síria. Adotar a resolução significaria apoio imediato a um movimento revolucionário”, disse Lavrov, referindo-se à oposição armada que tenta derrubar Assad. “E, se estamos falando de uma revolução, então a ONU não tem nada com isso.”
Os Estados Unidos dizem buscar apenas medidas econômicas, mas a Rússia teme que as cláusulas que preveem o uso de força sejam invocadas caso o regime sírio não cumpra as sanções. “Nós não podemos aceitar o Capítulo 7”, Lavrov afirmou a jornalistas. “Ao invés de tentar acalmar a oposição, alguns parceiros estão forçando a escalada da violência”, disse o ministro, referindo-se ao Ocidente.