Ativistas europeus protestaram, na última quarta-feira (22/01), contra o gesto feito pelo bilionário Elon Musk que remete à saudação nazista logo após a posse do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
As organizações britânica Led By Donkeys (Liderados por Burros, em tradução livre) e alemã Zentrum für Politische Schönheit (Centro para a Beleza Política) projetaram a imagem de Musk fazendo o gesto similar ao dos seguidores de Adolf Hitler na fachada de uma fábrica da Tesla, empresa automotiva fundada pelo empresário, em Berlim.
Philipp Ruch, fundador do Zentrum für Politische Schönheit, disse à AFP que Musk fez uma saudação semelhante à que “os neonazistas norte-americanos praticaram durante anos”.
O gesto de Musk aconteceu após o empresário ressaltar que a posse de Trump “marcou um ponto de virada para a civilização humana” e expressar sua empolgação com os planos de pousar uma missão tripulada em Marte durante o segundo mandato de Trump.
“Só quero agradecer a vocês por fazerem isso acontecer”, disse o bilionário, antes de bater com a mão direita no peito, com os dedos abertos, e estender o braço direito em uma diagonal para cima, com os dedos juntos e a palma da mão voltada para baixo.
Além do gesto de Musk, foi projetada a palavra “Heil” – que era usada como um grito clássico dos nazistas para saudar a imagem de Hitler – ao lado do logotipo da Tesla, formando a frase “Heil Tesla”.
O ato refere-se ao apoio nazista dos compradores de carros da Tesla: “compre um tesla, apoie o fascismo”, escreveu a Led By Donkeys na rede social X, também pertencente a Musk.
As organizações, que têm um histórico de atos contra Musk, afirmaram que seu ato tem como objetivo “combater o braço comercial do fascismo”. “O homem mais rico do mundo está promovendo a extrema direita na Europa. Não compre um Tesla”, declararam.

Protesto das organizações europeias na Tesla, fundada por Musk, na Alemanha
Entidades ficam em silêncio
No Brasil, em comunicado publicado na terça-feira (21/01), o coletivo Vozes Judaicas por Libertação criticou o fato de que “as principais entidades sionistas (do Brasil) permanecem em um silêncio constrangedor” com relação ao aceno de Musk.
A nota também ironiza o fato de que o silêncio das entidades sionistas brasileiras com relação à saudação de Musk é uma “postura muito diferente da adotada para perseguir ativistas, professores e estudantes críticos a Israel, sob a fantasia de defesa da nossa comunidade”.
Netanyahu defende Musk
Já o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, saiu em defesa do bilionário na discussão sobre o gesto que ele fez na posse de Trump.
“Elon é um grande amigo de Israel”, publicou Netanyahu no X, mídia social de propriedade de Musk, acusada de disseminar o antissemitismo e outras formas de racismo desde que ele a assumiu em 2022.
O jornal israelense Haaretz descreveu o gesto de Musk como “uma saudação romana, uma saudação fascista mais comumente associada à Alemanha nazista”.
Musk se manifestou sobre o episódio na rede social de sua propriedade, ironizando as críticas. “Francamente, eles precisam de truques sujos melhores. O ataque ‘todo mundo é Hitler’ está muito cansado”.
(*) Com Brasil de Fato.