Os Estados Unidos apreenderam nesta segunda-feira (02/09) o avião presidencial pertencente ao chefe de Estado da Venezuela, Nicolás Maduro, na República Dominicana. Posteriormente, ele foi enviado para Fort Lauderdale, no estado da Flórida. De acordo com o Departamento de Justiça norte-americano, a aquisição da aeronave violava as sanções impostas por Washington a Caracas.
O modelo Dassault Falcon 900 EX é amplamente produzido para o mercado corporativo. O veículo já teria passado por Brasil, Cuba e São Vicente e Granadinas em viagens anteriores. Ele permaneceu na República Dominicana nos últimos meses, “embora as autoridades norte-americanas não tenham revelado por que surgiu uma oportunidade para apreender a aeronave”, conforme relatou a emissora norte-americana CNN.
O procurador-geral dos Estados Unidos, Merrick B. Garland, argumentou que a aeronave teria sido comprada “ilegalmente” pelo valor de US$ 13 milhões (aproximadamente R$ 71,5 milhões) por meio de “uma empresa de fachada e contrabandeada para fora dos Estados Unidos” para ser usada por Maduro.
“O Departamento de Justiça continuará perseguindo aqueles que violam nossas sanções e controles de exportação para impedi-los de usar recursos dos Estados Unidos prevendo minar a segurança nacional”, disse.
De acordo com a CNN, houve uma operação conjunta na qual os Departamentos de Segurança Interna, de Comércio, de Indústria e Segurança e de Justiça participaram para a apreensão do objeto.
“Que esta apreensão envie uma mensagem clara: as aeronaves adquiridas ilegalmente nos Estados Unidos em benefício de autoridades venezuelanas sancionadas não podem simplesmente desaparecer”, afirmou o subsecretário de Controle de Exportação do Departamento de Comércio, Matthew S. Axelrod.
O procurador norte-americano para o Distrito Sul da Flórida, Markenzy Lapointe, considerou que a “apreensão bem-sucedida” se deveu ao “planejamento, coordenação e execução do governo dos Estados Unidos, com a inestimável assistência das autoridades da República Dominicana”.
A medida adotada pelo governo dos Estados Unidos se trata do mais recente desenvolvimento na relação cada vez mais gélida entre os dois países e pode estabelecer uma nova escalada nas tensões.
Recentemente, Washington pressionou o governo venezuelano a divulgar “imediatamente” os dados por centro e seção eleitoral sobre o resultado das eleições presidenciais do país em 28 de julho, questionando a vitória de Maduro. O intervencionismo foi criticado pelas autoridades venezuelanas, que acusaram os Estados Unidos por incentivar a crise pós-eleitoral promovida pela oposição de extrema direita do país, liderada por María Corina Machado e o candidato Edmundo González Urrutia.
Em 22 de agosto, o Supremo Tribunal de Justiça (TSJ, por sua sigla em espanhol), órgão máximo do Poder Judiciário venezuelano, certificou os resultados emitidos pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), que indicaram a reeleição de Maduro. Após o processo de auditoria das atas relativas ao pleito, não foram encontradas irregularidades nas mesmas, segundo a magistrada Caryslia Beatriz Rodríguez, presidente da Sala Eleitoral do TSJ.
(*) Com Ansa e RT en Español