O governo minoritário do primeiro-ministro Michel Barnier foi destituído nesta quarta-feira (04/12) após uma votação de confiança no parlamento. A decisão marca o fim de um mandato de apenas três meses, fazendo com que este seja o governo mais curto desde a criação da Quinta República Francesa, em 1958.
Com 331 votos a favor, a moção apresentada pela aliança esquerdista NFP (Nova Frente Popular) conseguiu derrubar o governo, que precisava de 288 votos contrários para permanecer. Em consequência, Barnier apresentará sua renúncia ao presidente Emmanuel Macron.
A derrota de Barnier aprofunda a crise política na França e representa um revés significativo para a União Europeia, em um contexto marcado pela incerteza política na Alemanha, e pela volta de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos.
O debate no parlamento
O debate no parlamento começou no início da tarde, com discussões sobre assuntos não relacionados ao tema central, e a votação das moções de confiança teve início por volta das 19h45 (horário local).
De um lado, a aliança de esquerda NFP e a extrema-direita do RN (Reagrupamento Nacional) apresentaram moções para destituir Barnier. Cada grupo parlamentar teve um representante para discursar, incluindo nomes como Eric Coquerel (LFI), Marine Le Pen (RN) e membros do Partido Socialista e dos Verdes.
O primeiro-ministro Michel Barnier encerrou o debate, com um discurso de despedida.
Barnier reconheceu que, apesar das dificuldades financeiras do país, como o alto custo da dívida pública, o governo deveria trabalhar para atender às necessidades da França, em colaboração com diferentes grupos partidários.
“Não propus com medidas de austeridade para o meu prazer. Eu teria preferido distribuir dinheiro”, disse Barnier, ressaltando a difícil realidade financeira da França, que paga 60 bilhões de euros em juros sobre sua dívida.
Ele afirmou ainda que, apesar da adversidade, a moção não resolveria o problema e só “tornaria as questões mais difíceis”.
A crise do governo Barnier
A crise que culminou na queda do governo de Barnier remonta a uma série de decisões políticas, sendo a principal delas a dissolução do parlamento pelo presidente Macron, em junho deste ano.
A eleição subsequente resultou em um parlamento fragmentado, sem uma maioria clara, o que deixou o governo minoritário vulnerável a alianças opostas.
O governo de Barnier, composto por membros do centro e centro-direita, se viu à mercê da Nova Frente Popular e do Reagrupamento Nacional, que, juntos, formavam uma oposição poderosa, capaz de destituir o primeiro-ministro.
Com a queda de Barnier, a França enfrenta um cenário ainda mais incerto, com uma crise política sem uma solução imediata à vista.