Terça-feira, 10 de junho de 2025
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O governo do Benin rejeitou as alegações de participar de ações terroristas apoiadas pelo Ocidente. As acusações apontam o país como suposto abrigo de radicais, com intuito de desestabilizar a região do Sahel e o Níger, que estão enfrentando rebeliões jihadistas há mais de uma década.

“Benin está determinado em combater o terrorismo internamente e nos territórios vizinhos, mesmo às custas de sacrifícios. Associar nosso país a essas práticas, não é aceitável e, também, profundamente injusto com as nossas Forças Armadas e de segurança, além de toda a nossa população”, afirmou o ministro das Relações Exteriores beninense, Olushegun Adjadi Bakari, citado pela emissora francesa RFI na segunda-feira (02/06).

Isso por que, no sábado (31/05), o presidente interino do Níger, general Abdourahamane Tchiani, acusou a Nigéria e o Benin de desestabilizarem o próprio país, ao atuarem como “centros logísticos” para agentes franceses.

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A autoridade afirmou que encontros com potências ocidentais e outros parceiros africanos aconteceram na Nigéria e na Bacia do Lago Chade, onde estavam direcionando armas para os grupos terroristas que operam no Sahel.

O general nigerino também alegou que a França está instalando “células secretas” para realizar operações subversivas e ações aliadas ao governo de Benin, para sabotar a Aliança dos Estados do Sahel (AES) – composta por Níger, Mali e Burkina Faso. Tchiani justificou essa suposta ameaça para manter fechado a fronteira com o país vizinho, medida que aconteceu após o levante militar em Niamey em julho de 2023.

Olushegun Adjadi Bakari
Chanceler do Benin negou aliança com Ocidente após acusação de abrigar terroristas
ProfileChecker / Wikimedia Common

Levante militar

Após o levante militar de julho de 2023, as relações entre os países fragilizaram, principalmente pelas sanções de Benin ao Níger, impostas pela Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (Cedeao), incluindo o fechamento das fronteiras. Mesmo com as medidas aplicadas pelo bloco em fevereiro deste ano, Niamey e os aliados, Burkina Faso e Mali, se retiraram do bloco regional, devido às sanções em resposta às mudanças de regime nos seus respetivos países.

Para a emissora local, Bip Radio, o ministro das Relações Exteriores do Benin cedeu uma entrevista no domingo (01/06), e chamou Níger de “país irmão” e também reforçou que lamenta o fechamento da fronteira – agora reaberta no lado beninense -, mas que a decisão foi para defender os princípios e cumprir obrigações regionais diante de mudanças inconstitucionais de governo.

“Respeitamos plenamente a soberania do Níger e seu direito de escolher livremente seus parceiros. Da mesma forma, o Benin jamais permitirá que suas escolhas de cooperação e parceria, que são de sua exclusiva soberania nacional, sejam impostas”, afirmou.