Quarta-feira, 11 de junho de 2025
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O governo da Bolívia anunciou nesta terça-feira (03/06) que determinou o lançamento de uma grande operação policial para capturar o ex-presidente Evo Morales (2006-2019), líder do partido Evo Pueblo.

A medida foi apresentada através de uma coletiva do ministro da Defesa, Edmundo Novillo, que explicou à imprensa local que “se trata de fazer cumprir uma determinação da Justiça, que o investiga por um possível crime de abuso de menor”.

O ministro se refere ao fato de Justiça boliviana ratificou um mandado de prisão preventiva contra Morales em fevereiro deste ano, dentro de um processo no qual ele é acusado de, supostamente, ter abusado sexualmente de uma menor de idade, no ano de 2015.

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Vale acrescentar, porém, que esse mesmo caso foi investigado em 2020, durante a ditadura de Jeanine Áñez (2019-2020), e terminou sendo arquivado por falta provas, mas foi reaberto em 2023.

O ministro Novillo admitiu que a operação policial para a captura de Evo poderia resultar em mortes, já que o local onde o ex-mandatário se encontra estaria sendo protegido por “seguranças, apoiadores e familiares”.

“Essa operação pode acabar levando à perda de vidas humanas, porque ele não está na sua casa sozinho, está com respaldo, com proteção, e por isso, para poder intervir nesse cenário, precisamos esperar o momento mais propício”, explicou o titular da pasta de Defesa.

‘Minha vida e minha família estão em risco’

Por sua parte, o ex-presidente Evo Morales publicou uma mensagem nas redes sociais dirigida à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) e à Organização das Nações Unidas (ONU), dizendo que “o governo de Luis Arce decidiu realizar uma operação com o objetivo de me prender, ameaçando a vida das minhas irmãs, dos meus irmãos e a minha”.

Ex-presidente Evo Morales denunciou à ONU e à CIDH que vem sofrendo perseguição por parte do governo de Luis Arce
Evo Pueblo / X

“Com profunda preocupação e compromisso com a verdade, dirijo-me ao povo boliviano e à comunidade internacional para expressar o que milhares de nossos irmãos e irmãs vivenciam todos os dias em nosso país. Hoje, a Bolívia não vive apenas uma crise política, mas uma tragédia social e humana. Cada lar humilde sente o peso da fome, da desesperança e da miséria. Os mercados estão vazios de recursos econômicos, mas repletos de angústia”, alegou Morales.

Segundo o ex-presidente, “esta situação dramática não é produto do destino ou de inimigos externos. É a consequência direta da má gestão, de decisões equivocadas que destruíram rapidamente a estabilidade econômica que construímos com tanto esforço e sacrifício ao lado do povo por mais de uma década”.

“Os danos vão além da economia. Um golpe profundo foi desferido contra a democracia e o Estado de Direito. As instituições que deveriam ser garantidoras da Constituição, como o Tribunal Constitucional e o Tribunal Supremo Eleitoral, têm sido subservientes ao poder político vigente. Elas não respondem mais ao povo; respondem a interesses pessoais”, acrescentou.

Morales argumenta que as decisões tomadas pelo governo de Arce “são manipuladas como instrumentos de exclusão, para forçar uma candidatura única e impedir a participação livre e soberana do povo nas urnas por todos os meios possíveis”.

Vale lembrar que os seguidores do ex-mandatário vêm impulsionando protestos em várias regiões do país para que a Justiça Eleitoral local reverta a decisão que o torna inelegível, permitindo que ele possa concorrer no pleito presidencial marcado para os meses de agosto (primeiro turno) e outubro (possível segundo turno), como representante do partido Evo Pueblo.

“Hoje, as mobilizações não são por uma pessoa ou por uma candidatura. São pela vida, pela dignidade, pela democracia. São o grito do povo que não pode mais esperar, que clama por pão e justiça. Porque quando um governo que foi eleito com 55% de apoio agora tem apenas 2%, não é a oposição que fala: é o povo que se levanta”, concluiu Evo.

 

Com informações de La Razón.