O governo da Bolívia convocou, nesta segunda-feira (01/07), seu embaixador na Argentina, Ramiro Tapia, para consultas em repúdio às declarações “mal informadas e tendenciosas” de Javier Milei, que definiram a tentativa fracassada de golpe ocorrida na semana anterior contra Luis Arce como uma “falsa denúncia”.
“Nosso embaixador do Estado Plurinacional da Bolívia na Argentina, Ramiro Tapia, foi convocado para consulta para estar presente na sede do governo”, anunciou a chanceler interina e porta-voz da presidência, María Nela Prada, durante uma conferência de imprensa.
O Ministério das Relações Exteriores boliviano também convocou o embaixador argentino em La Paz, Marcelo Adrián Massoni.
“Informamos ao povo boliviano e à comunidade internacional que foi decidido, como governo do Estado Plurinacional da Bolívia, convocar o embaixador da República Argentina para expressar nosso forte repúdio pelas declarações feitas pelo gabinete do Presidente da República Argentina, Javier Milei”, acrescentou Nela Prada.
Na noite de domingo (30/06), Milei emitiu um comunicado afirmando que seu governo “repudia a falsa denúncia de golpe de Estado” na Bolívia, tratando-se de uma versão sustentada pelo ex-presidente boliviano Evo Morales.
“O relato era pouco crível, e os argumentos não se encaixavam com o contexto sócio-político” declarou o gabinete argentino, acrescentando que o partido governista MAS (Movimento ao Socialismo) controla os poderes Judicial e Executivo e as Forças Armadas.
— Oficina del Presidente (@OPRArgentina) July 1, 2024
No mesmo dia, Morales reforçou que as declarações do governo de Arce sobre uma tentativa de golpe militar são falsas e solicitou uma investigação independente dos detalhes do incidente. Antigos aliados, Arce e Morales se tornaram adversários ferrenhos.
Tentativa de golpe
Na última quarta-feira (26/06), os militares bolivianos liderados pelo general Juan José Zúñiga bloquearam a Praça Murillo, onde ficam os prédios do governo em La Paz, com veículos blindados e ainda exigiram a restauração da democracia, a libertação de presos políticos e a nomeação de um novo governo.
Após derrubar a porta do palácio presidencial, Zúñiga se encontrou com Arce, que ordenou que os soldados se retirassem. Em resposta à desobediência, o presidente nomeou uma nova liderança militar, que ordenou aos rebeldes que deixassem a praça na capital e, em seguida, o general acabou sendo preso.
(*) Com Sputnik