Sexta-feira, 18 de abril de 2025
APOIE
Menu

O ex-presidente da Bolívia, Evo Morales, denunciou ser alvo de uma “guerra judicial” para desqualificá-lo para as próximas eleições no país após a Procuradoria-Geral do país solicitar seis meses de prisão preventiva, na esteira das acusações por suposto tráfico de pessoas e pedofilia contra o líder político.

“Denuncio ao mundo que sou vítima de uma brutal guerra jurídica (lawfare) levada a cabo pelo governo de Luis Arce [atual presidente boliviano e antigo aliado de Morales], que prometeu entregar-me como troféu de guerra aos Estados Unidos”, declarou por meio de suas redes sociais.

Morales afirmou que os crimes dos quais é acusado são “inventados”, como foi feito com “muitos presidentes de esquerda na América Latina”, denunciando que ao condená-lo, “atiram legalmente, politicamente e midiaticamente” contra ele. Contudo, “não têm provas, apenas slogans e ódio desenfreado”.

Receba em primeira mão as notícias e análises de Opera Mundi no seu WhatsApp!
Inscreva-se

“O único crime que cometi foi que, sendo o primeiro presidente indígena, consegui um país com uma economia justa para o povo; uma Bolívia Plurinacional com inclusão dos sempre excluídos e não ter permitido a interferência e abuso do império norte-americano”, instou o ex-presidente.

Segundo Morales, há um “bombardeamento constante de difamações e insultos” há muito tempo por parte do governo de Arce, combinado com um “exército de procuradores, juízes, polícias e militares”.

O ex-presidente acusou que tais opositores não têm o objetivo de eliminá-lo apenas da política e moralmente, mas também fisicamente. “É por isso que tentaram me envenenar e matar”, declarou.

Fotos Públicas
Morales afirmou que os crimes dos quais é acusado são “inventados”, como foi feito com “muitos presidentes de esquerda na América Latina”

O procurador-geral do Estado, Róger Mariaca, emitiu na última segunda-feira (16/12) um mandado de prisão contra Evo Morales, bem como um pedido de prisão preventiva em prisão pública, acusando-o do suposto crime de tráfico de pessoas, bem como de manter relacionamento com uma adolescente que havia engravidado.

O pedido de prisão preventiva teria decorrido por Morales não ter comparecido para testemunhar perante a denúncia em 16 de outubro. Contudo, segundo o senador do partido Movimento ao Socialismo (MAS) pró-Morales, Leonardo Loza, o líder indígena não estava ciente desse processo porque nunca havia sido notificado ou convocado para depoimento.

Já a promotora de Tarija, Sandra Gutiérrez, confirmou que havia acusado formalmente o ex-presidente pelo crime de tráfico de pessoas, com a circunstância agravante de que ele teria cometido esse crime quando era presidente. Argumentou também que a mãe da suposta vítima, Idelsa Pozo Saavedra, foi nomeada como ré no caso e identificou a então menor de idade como Cindy S.V.P.

No entanto, ela esclareceu que a polícia não poderia executar o mandado de prisão contra Morales no Chapare – reduto político de Morales – porque a operação poderia desencadear uma resistência organizada, com o risco político e social correspondente nessa região do departamento de Cochabamba.

Gutiérrez ainda informou que os relatórios policiais indicam que as áreas de influência onde o primeiro ex-presidente supostamente se encontra estão sob proteção e que o endereço que ele teria dado também é desabitado e sem movimento substancial.

A promotora reiterou além de solicitar a prisão preventiva, emitiria um alerta para a imigração devido a um “risco de fuga” de Morales.

Por sua vez, a defesa de Morales afirmou que não há crime, nem provas, razão pela qual não há processo contra seu cliente. Além disso, acrescentou que todas as acusações só visam eliminá-lo da corrida eleitoral de 2025.

(*) Com Prensa Latina e TeleSUR