Bolívia: Evo Morales fala em ‘guerra judicial’ ao denunciar perseguição
Ex-presidente apontou para 'difamações e insultos' do governo de Luis Arce após Procuradoria Geral do país pedir prisão preventiva do líder indígena
O ex-presidente da Bolívia, Evo Morales, denunciou ser alvo de uma “guerra judicial” para desqualificá-lo para as próximas eleições no país após a Procuradoria-Geral do país solicitar seis meses de prisão preventiva, na esteira das acusações por suposto tráfico de pessoas e pedofilia contra o líder político.
“Denuncio ao mundo que sou vítima de uma brutal guerra jurídica (lawfare) levada a cabo pelo governo de Luis Arce [atual presidente boliviano e antigo aliado de Morales], que prometeu entregar-me como troféu de guerra aos Estados Unidos”, declarou por meio de suas redes sociais.
Denuncio al mundo que soy víctima de una brutal Guerra Jurídica (lawfare) ejecutada por el Gobierno de Luis Arce que se comprometió a entregarme como trofeo de guerra a EEUU.
Al igual que muchos presidentes izquierdistas de América Latina, se inventan delitos en mi contra; no…— Evo Morales Ayma (@evoespueblo) December 17, 2024
Morales afirmou que os crimes dos quais é acusado são “inventados”, como foi feito com “muitos presidentes de esquerda na América Latina”, denunciando que ao condená-lo, “atiram legalmente, politicamente e midiaticamente” contra ele. Contudo, “não têm provas, apenas slogans e ódio desenfreado”.
“O único crime que cometi foi que, sendo o primeiro presidente indígena, consegui um país com uma economia justa para o povo; uma Bolívia Plurinacional com inclusão dos sempre excluídos e não ter permitido a interferência e abuso do império norte-americano”, instou o ex-presidente.
Segundo Morales, há um “bombardeamento constante de difamações e insultos” há muito tempo por parte do governo de Arce, combinado com um “exército de procuradores, juízes, polícias e militares”.
O ex-presidente acusou que tais opositores não têm o objetivo de eliminá-lo apenas da política e moralmente, mas também fisicamente. “É por isso que tentaram me envenenar e matar”, declarou.

Morales afirmou que os crimes dos quais é acusado são “inventados”, como foi feito com “muitos presidentes de esquerda na América Latina”
O procurador-geral do Estado, Róger Mariaca, emitiu na última segunda-feira (16/12) um mandado de prisão contra Evo Morales, bem como um pedido de prisão preventiva em prisão pública, acusando-o do suposto crime de tráfico de pessoas, bem como de manter relacionamento com uma adolescente que havia engravidado.
O pedido de prisão preventiva teria decorrido por Morales não ter comparecido para testemunhar perante a denúncia em 16 de outubro. Contudo, segundo o senador do partido Movimento ao Socialismo (MAS) pró-Morales, Leonardo Loza, o líder indígena não estava ciente desse processo porque nunca havia sido notificado ou convocado para depoimento.
Já a promotora de Tarija, Sandra Gutiérrez, confirmou que havia acusado formalmente o ex-presidente pelo crime de tráfico de pessoas, com a circunstância agravante de que ele teria cometido esse crime quando era presidente. Argumentou também que a mãe da suposta vítima, Idelsa Pozo Saavedra, foi nomeada como ré no caso e identificou a então menor de idade como Cindy S.V.P.
No entanto, ela esclareceu que a polícia não poderia executar o mandado de prisão contra Morales no Chapare – reduto político de Morales – porque a operação poderia desencadear uma resistência organizada, com o risco político e social correspondente nessa região do departamento de Cochabamba.
Gutiérrez ainda informou que os relatórios policiais indicam que as áreas de influência onde o primeiro ex-presidente supostamente se encontra estão sob proteção e que o endereço que ele teria dado também é desabitado e sem movimento substancial.
A promotora reiterou além de solicitar a prisão preventiva, emitiria um alerta para a imigração devido a um “risco de fuga” de Morales.
Por sua vez, a defesa de Morales afirmou que não há crime, nem provas, razão pela qual não há processo contra seu cliente. Além disso, acrescentou que todas as acusações só visam eliminá-lo da corrida eleitoral de 2025.
(*) Com Prensa Latina e TeleSUR
