O governo da Bolívia iniciou nesta sexta-feira (08/11) uma série de reuniões com a aliança de movimentos e sindicatos que apoia o ex-presidente Evo Morales, com o objetivo de colocar fim ao conflito entre os setores liderados pelo ex-mandatário e pelo atual chefe de Estado, Luis Arce.
Ambos os líderes são integrantes do partido de esquerda Movimento ao Socialismo (MAS), que convive há pelo menos dois anos com disputas internas entre os setores que apoiam cada um deles.
Um dos integrantes da mesa de diálogo será , vice-ministro de Autonomia, que declarou em reportagem ao canal TeleSur que “não serão abordadas questões relacionadas às eleições”.
Uma das razões da disputa entre Evo e Arce é a definição de quem será o candidato presidencial do MAS no pleito marcado para agosto de 2025. Um setor defende que o atual mandatário deve ter o direito de tentar sua reeleição, enquanto outro advoga pelo retorno do ex-presidente, que governou entre 2006 e 2019 – e que foi derrubado por um golpe de Estado, em novembro de 2019.
Nos últimos dias, os setores do MAS que apoiam Evo Morales iniciaram uma série de bloqueios de estradas em todo o território bolivianos. Porém, com a instalação da mesa de diálogo os partidários do ex-presidente anunciaram que irão desmontar os bloqueios pelas próximas 72 horas, após as quais avaliarão se retomam a estratégia ou não, dependendo da evolução das negociações.
Duas semanas de tensão
O diálogo entre os setores evista e arcista tem início uma semana após ação de cerca de dois mil partidários do ex-presidente, que tomaram o quartel militar de Cacique Juan Maraza, em Cochabamba.
No início daquela mesma semana, em 27 de outubro, Evo Morales sobreviveu a um ataque a tiros realizado por policiais. Ele atribuiu o episódio a uma “ordem do presidente Arce”.
Por sua vez, o ministro porta-voz do governo boliviano, Eduardo del Castillo, justificou a ação dizendo que se tratou de uma abordagem a um veículo que não respeitou um controle policial rodoviário, que os policiais não sabiam que Evo estava no carro e que os seguranças de ex-presidente teriam atirado primeiro.