O governo da Bolívia reclamou da pressão que vem sofrendo do Brasil para conceder um salvo-conduto a Roger Pinto Molina, senador da oposição, que recebeu asilo político em território brasileiro há mais de 50 dias. O senador da direitista CN (Convergência Nacional) responde a mais de 20 processos por acusações que vão de desacato a corrupção e mau uso de recursos públicos. A mais grave é a de que Pinto Molina seria corresponsável por uma matança de indígenas em 2009, em Pando.
“Lamentamos as declarações do embaixador do Brasil na Bolívia [Marcel Biato] sobre as pressões que tem feito utilizando a mídia [ao invés dos canais diplomáticos]', disse a ministra das Comunicações, Amanda Davila, nesta quarta-feira (19/07). Biato, citado pela agência de notícias ANF, afirmou que o interesse era de que o assunto fosse agilizado: “nossas relações (entre ambos países) são muito sólidas, mas vamos tentar evitar que problemas que podem se tornar delicados sejam criados”.
Para a ministra, o governo do Brasil se precipitou ao conceder o asilo a Pinto Molina. Em entrevista à ABI (Agência Pública de Notícias da Bolívia), Davila afirmou que as autoridades brasileiras foram informadas sobre suspeitas de irregularidades envolvendo o senador.
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“Enviamos todos os registros para as autoridades [do Brasil] que comprovam que foi tomada uma decisão rápida para a concessão de asilo político, sem conhecimento sobre os processos judiciais neste momento”, explicou a ministra, informando que a concessão de asilo ao senador transgrediu a convenção internacional sobre o tema.
Porém, as autoridades brasileiras, responsáveis pela condução do processo, negam quaisquer tipos de pressão para a concessão do salvo-conduto, informou a Agência Brasil. Não há referências sobre suspeitas de irregularidades envolvendo o processo diplomático referente a Pinto Molina, de acordo com diplomatas brasileiros.
Em reportagem publicada nesta quinta-feira (19/07), o jornal Valor Econômico diz que a Bolívia já teria negado o salvo-conducto ao senador Pinto Molina. Uma fonte do jornal em Brasília afirmou que “a Bolívia já decidiu e nos comunicou que o salvo-conduto não será dado”. O governo brasileiro argumenta ter dado direito de asilo ao senador por “razões humanitárias”, dentro da tradição diplomática da região, escreveu o Valor.