Brasil aguarda para se pronunciar sobre vitória contestada de Noboa no Equador
Itamaraty tem mantido 'cautela' com cenários eleitorais: necessidade de manter estabilidade na região
O governo do Brasil ainda estuda se deve se pronunciar sobre a vitória contestada pela oposição de Daniel Noboa, que disputou pela reeleição no Equador contra a candidata de esquerda Luisa González.
Opera Mundi apurou que Brasília tem mantido “cautela” para se pronunciar sobre resultados eleitorais quando estes são contestados por uma das partes, tratando-se de uma “avaliação política” que deve ser realizada “em instâncias mais altas”. Entretanto, nos bastidores, o governo Lula, no momento, “não tem planos” para emitir uma declaração a respeito da eleição no Equador.
Fontes do Itamaraty consultadas pela reportagem afirmaram que foi descartada a possibilidade da solicitação das atas, como no caso das eleições na Venezuela que reelegeram Nicolás Maduro em julho de 2024, uma vez que o Brasil não foi convidado pelo governo equatoriano para mediar a situação posterior ao processo eleitoral do país.
Além do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, outras lideranças progressistas da América Latina, como o uruguaio Yamandú Orsi e o colombiano Gustavo Petro, não emitiram saudações em redes sociais até o fechamento desta reportagem. A reportagem também foi informada de que os pronunciamentos publicados pelo chefe de Estado brasileiro não passam pelo Ministério das Relações Exteriores.
Segundo a apuração, caso o cenário pós-eleitoral do Equador acabe por instaurar uma crise política no país, a expectativa é de que Brasil tome medidas para ajudar a manter estabilidade na região.

Ricardo Stuckert/PR
Oposição não reconhece resultado
De acordo com o Conselho Nacional Eleitoral (CNE), Noboa venceu as presidenciais de domingo (13/04) por 55% contra 44% de González, do Movimento Revolução Cidadã, sigla da oposição.
A reeleição do mandatário de direita gerou questionamento de atores políticos progressistas dentro e fora do Equador, após uma série de irregularidades durante o pleito, incluindo um decreto de estado de exceção às vésperas da eleição.
González e os partidos de sua unidade não reconheceram os resultados divulgados pelo CNE, afirmando que houve uma “grotesca” fraude na apuração.
Segundo um grupo de opositores, a decretação do estado de exceção suspendeu os direitos civis fundamentais, sobre a qual enfatizaram que, “coincidentemente, são as províncias onde o candidato-presidente Noboa teve baixo desempenho no primeiro turno”.
