Enquanto uma a cada oito pessoas no mundo sofreu de fome crônica entre 2011 e 2013, 30 países, incluindo o Brasil, já teriam cumprido as metas dos Objetivos do Milênio em relação ao critério do combate à fome. É o que aponta o relatório Sofi (Estado da Insegurança Alimentar no Mundo), elaborado anualmente por órgãos da ONU (Organização das Nações Unidas) e divulgado nesta terça-feira (01/10).
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De acordo com o documento, o número de pessoas atingidas pela fome crônica caiu em relação aos 868 milhões medido no período de 2010 a 2012, passando a 842 milhões. O Sofi é organizado pela FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura), o Fida (Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola) e o PMA (Programa Mundial de Alimentos).
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A maior parte das pessoas atingidas vive em países em desenvolvimento, mas cerca de 15,7 milhões estão em países desenvolvidos. “O constante crescimento econômico nos países em desenvolvimento melhorou a renda e o acesso aos alimentos”, indica o relatório.
Para a FAO, a melhora na disponibilidade da comida se deve ao recente crescimento da produtividade agrícola, apoiado pelo aumento do investimento público e o renovado interesse dos investidores privados na agricultura.
Em alguns países as remessas dos imigrantes tem um papel destacado na redução da pobreza e contribuem para impulsionar os investimentos produtivos dos pequenos agricultores.
Objetivos do Milênio
A América Latina, em especial o Brasil, ao lado da Ásia Oriental e do Sudeste Asiático, ganharam destaque no relatório ao registrarem avanços importantes.
Em 20 anos, o número de famintos no Brasil caiu em quase 10 milhões de pessoas. Entre 1992 e 2013, o número de cidadãos que passava fome no país foi reduzido de 22,8 milhões para 13,6 milhões de pessoas.
Segundo a FAO, a redução no Brasil superou a marca de 54%. Em 1990, 15% da população nacional passava fome. Hoje, essa taxa caiu para 6,9%. Em números absolutos, a redução de 40% é uma das maiores do mundo e duas vezes mais acelerada que a média mundial.
A entidade confirmou que o Brasil, ao lado de cerca de 30 países, já atingiu as Metas do Milênio, criadas pela ONU para reduzir a fome no mundo.
Pela meta, governos precisam reduzir em 50% a proporção de pessoas que passam fome em relação ao total da população. O ano que serviria de base seria o de 1990 e o prazo da meta é 2015.
Do total de famintos, apenas 15,7 milhões de pessoas estão nos países ricos. Mas, enquanto o número cai de forma geral no planeta, o volume de cidadãos nesses países aumentou nos últimos quatro anos, com um incremento de 500 mil.
Diferenças globais
Apesar dos progressos realizados no mundo todo, ainda persistem as diferenças na redução da fome.
A África Subsaariana obteve apenas progressos modestos nos últimos anos e continua sendo “a região com a prevalência mais alta de subalimentação” e calcula-se que um em cada quatro africanos (24,8%) sofra de fome.
Também não foram observados avanços recentes na Ásia ocidental, enquanto o sul da Ásia e o norte da África conheceram lento progresso.
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De 1990 a 1992, o número total de pessoas subalimentadas nos países em desenvolvimento reduziu 17%, de 995,5 a 826,6 milhões, segundo o relatório.
Embora de forma desigual, o documento destaca que as regiões em desenvolvimento em conjunto fizeram progressos significativos para alcançar o objetivo de reduzir pela metade a proporção de pessoas que sofrem de fome para 2015.
O relatório ressalta que o crescimento econômico é a chave para o progresso na redução da fome, mas não pode levar mais e melhores empregos e renda para todos, a menos que as políticas sejam dirigidas especificamente aos pobres, especialmente nas zonas rurais.
“Nos países pobres, a redução da fome e da pobreza só será alcançada com um crescimento que não seja somente sustentado, mas também seja amplamente partilhado”, segundo o Sofi.
O relatório sobre a fome da ONU não mede apenas a fome crônica, mas apresenta um novo conjunto de indicadores para todos os países para captar as múltiplas dimensões da insegurança alimentícia.
Em alguns países, por exemplo, a prevalência da fome pode ser baixa, enquanto ao mesmo tempo as taxas de subalimentação podem ser muito altas, como demonstra a proporção de crianças com atraso do crescimento ou com falta de peso, cuja saúde e desenvolvimento futuros são colocados em risco.
As conclusões e recomendações do Sofi 2013 serão debatidas por representantes dos governos, a sociedade civil e o setor privado em reunião do Comitê de Segurança Alimentar Mundial que acontecerá de 7 a 11 de outubro na sede da FAO em Roma.
(*) com agências de notícias internacionais