O presidente da agência de notícias Xinhua, Fu Hua, destacou nesta segunda-feira (11/11) que a China se dispõe a trabalhar conjuntamente com os países do Sul Global na defesa de um mundo multipolar, já que considera o grupo uma “força indispensável” para a democratização das relações internacionais. Dessa forma, enfatizou os impactos do espaço midiático, defendendo que as nações parceiras transmitam uma voz “construtiva” para “soluções pacíficas”.
A posição foi dada no âmbito da Cúpula de Mídia e Think Tank do Sul Global, celebrada em São Paulo. O evento que reuniu altos funcionários, representantes e jornalistas de diversas plataformas midiáticas e think tanks de mais de 70 países do Sul Global teve como objetivo lançar uma plataforma de cooperação entre os integrantes com o compromisso de democratizar a informação, sem interferência de “interesses externos”.
“O presidente Xi Jinping disse que o Sul Global deve promover a pacificidade e participar construtivamente de questões internacionais (…) ele propôs o conceito da modernização no Sul Global e o desenvolvimento próspero desses países”, mencionou Fu Hua.
De acordo com o presidente da Xinhua, nos últimos anos, as nações do Sul Global responderam por “mais de 40% da economia mundial” e, nos últimos anos, contribuíram com mais de “80% do crescimento econômico global”, possibilitando uma remodelação do cenário econômico.
“Vamos promover a voz da governança global por meio do multilateralismo e expandir a voz do Sul Global no mundo por meio do BRICS, Cinturão e Rota, e salvaguardar os interesses dos países em desenvolvimento. Devemos participar ativamente nos trabalhos da reforma da governança global”, enfatizou Fu Hua.
A cúpula também contou com a leitura de duas cartas enviadas pelos presidentes da China, Xi Jinping, e do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva. O documento do mandatário chinês apontou que Pequim se compromete em amplificar conjuntamente a voz do Sul Global.
Já o documento de Lula fala sobre a prontidão do país em desempenhar “um papel condizente com o cenário político, econômico e demográfico”, ao destacar que por meio desse contexto será viabilizada uma “transição justa em direção à economia movida de energias cada vez mais limpas”, uma das prioridades brasileiras enquanto preside o G20. O texto também menciona o projeto de iniciativa brasileira da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, que será lançado oficialmente em 18 de novembro, durante a Cúpula dos líderes do G20, no Rio de Janeiro.
“No ano em que comemorarmos os 50 anos de relações diplomáticas Brasil-China, esta cúpula acolhe convidados de alto nível do governo e da sociedade do nosso país. Esta é uma importante plataforma para que as mídias e os participantes reunidos aqui possam discutir como combater a desinformação, promover conhecimento técnico, conhecimento de agricultura e traçar novos rumos para o desenvolvimento do Sul Global”, leu Fábio Manzini, da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência do Brasil.
Por sua vez, o presidente da Empresa Brasileira de Comunicação (EBC), Jean Lima, destacou que um dos pilares mais essenciais para o fortalecimento da democracia é justamente o combate à desinformação e a regulação das redes sociais.
“A EBC trabalha, o governo federal também trabalha, com o compromisso de firmar acordo de cooperação internacional que amplie a circulação de informações”, declarou.
Durante a cúpula, o primeiro-vice-diretor geral a agência russa TASS, Mikhail Gusman, lembrou que em outubro a Rússia presidiu o BRICS, em Kazan, e que nele foi testemunhado a “imensa importância” do Sul Global.
“Essa cúpula de hoje ajuda a identificar problemas e objetivos em comum. Nossas agências têm que sempre lidar com a informação credível. Temos também que apoiar países que fazem parte do Sul Global indiretamente. Apoiar nossos colegas a receber informações equilibradas. Nossa agência está sempre disposta a combater fake news”, pontuou.
Em conversa com a imprensa, o ministro de Comunicações da Venezuela, Freddy Ñáñez, também participante do evento, enfatizou o dever ético da informação para possibilitar que os cidadãos possam tomar decisões próprias de opinar por meio dela.
“O Sul Global tem como desafio reinstalar a ética da comunicação diante da revolução tecnológica e também instalar novas maneiras de comunicar dando ao cidadão o poder para verificar a informação e livrando-o consequentemente ecossistemas tóxicos ou ecossistemas que incentivem mentiras”, afirmou.