O Brasil quer incentivar a produção de etanol em outros países, para fortalecer o mercado exportador e suprir a demanda mundial. A procura por energias renováveis tem aumentado, tanto que a exportação brasileira de etanol cresceu 45% de 2007 para 2008, segundo a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis). Mas há previsão de que aumente ainda mais e o país não tem condição de supri-la.
O tema foi abordado durante o Seminário Exportação e Logística do Etanol: Caminhos para a Consolidação da Liderança Global, realizado na última sexta-feira (6), em São Paulo.
O gestor de Projetos de Agronegócio da Apex (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos), Eduardo Caldas, explicou que é essencial aumentar o número de países produtores de etanol, formando um mercado de commodities que ofereça “segurança energética”.
“Vamos conversar com os dirigentes de outros países e mostrar as oportunidades. O Brasil não terá uma postura imperialista, queremos ensinar”, afirmou. Caldas citou o exemplo de São Cristóvão e Névis, na América Central, onde há canaviais não produtivos, mão-de-obra disponível e a população paga caro pela gasolina. Segundo ele, os produtores potenciais são países da América Latina, África e, possivelmente, Ásia.
O ministro do Departamento de Energia do Ministério das Relações Exteriores, André Correa do Lago, ressaltou que o próximo passo para superar os desafios da demanda é criar condições de assegurar que a distribuição do combustível seja bem feita. Para ele, no entanto, as barreiras em relação à utilização do etanol como combustível sustentável ainda são significativas.
“Há uma campanha de ataque com interesse em derrubar a produção dos países em desenvolvimento. Vamos investir em estudos que viabilizem a produção e esclareçam os mitos que ainda existem”, disse Lago.
Inflação
O ministro acredita que alguns dirigentes da América Latina, como o venezuelano Hugo Chávez e o cubano Fidel Castro, criticaram o investimento na produção de etanol porque a exportação do combustível representa um estreitamento da relação comercial com os Estados Unidos, já que o país norte-americano é o maior importador do etanol brasileiro.
A Venezuela é um grande produtor de petróleo. Quando Brasil e Estados Unidos firmaram acordos sobre biocombustível, Chávez alertou para a possibilidade de a disseminação do etanol provocar inflação de alimentos, devido ao aumento da demanda. Mas ressaltou que a crítica se referia principalmente ao milho (matéria-prima do etanol norte-americano), e não à cana-de-açúcar, que não é propriamente um alimento.
O Brasil é o segundo maior produtor mundial de etanol, atrás apenas dos Estados Unidos. O custo de produção a partir da cana é de US$ 0,28 por litro e a partir do milho, U$0,45, segundo a Dow Jones.
De acordo com o Núcleo Interdisciplinar de Planejamento Energético da Universidade de Campinas (Unicamp), a produção canavieira no Brasil passou de 90 milhões de toneladas em 1975 para mais de 400 milhões em 2006. No mesmo período, a produção de etanol também cresceu, de 500 milhões de litros para mais de 17 bilhões, assim como a produtividade: de três mil litros por hectare para sete mil.
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