O imigrante brasileiro Gabriel ‘Facha’, de 28 anos, foi encontrado morto na última sexta-feira (07/03), nas dependências do Sistema Prisional do Linhó, em Portugal, segundo informações reveladas nesta terça-feira (11/03).
Segundo a imprensa local, as investigações das autoridades portuguesas ainda não puderam determinar com exatidão a causa do seu falecimento.
De acordo com o relato a Opera Mundi de um dos detentos que cumpria pena no mesmo presídio, o brasileiro poderia ter se suicidado, mas não estão descartadas outras causas.
“Também pode ter sido por doença. Com a ausência de auxílio (médico) que sempre existiu neste lugar, há probabilidade de uma pessoa morrer, não é mesmo?”, comentou o detento, que não se identificou, mas que disse que Gabriel não tinha família em Portugal.
O Consulado Geral do Brasil em Lisboa afirmou que está trabalhando para localizar e informar os familiares de Gabriel.
“Desde ontem estamos em contato com o Ministério Público português e o Estabelecimento Prisional do Linhó para que todas as providências documentais sejam tomadas”, disse o cônsul-geral do Brasil em Lisboa, Alessandro Candeas.

Brasileiro faleceu enquanto cumpria pena em estabelecimento prisional de Linhó, em Portugal
Greve no sistema prisional
Em greve desde dezembro do ano passado, os guardas prisionais exigem do governo melhorias nas condições de trabalho e garantias de segurança para agentes e reclusos.
O Estabelecimento Prisional do Linhó foi inaugurado em abril de 1955, durante a ditadura de António Salazar (1932-1968), no município de Cascais, na Grande Lisboa.
Em fevereiro, a Associação de Apoio ao Recluso (APAR) afirmou à Agência Lusa que a greve continuaria em março, assim como o Sindicato Nacional do Corpo da Guarda Prisional.
A paralisação tem causado transtornos no dia a dia do sistema penitenciário. Sem o serviço de lavanderia, muitos presos estão sem lavar suas roupas há mais de 70 dias e há relatos de que fezes estão sendo jogadas pelas janelas. Além disso, muitos estão impedidos de saírem das celas para o horário recreativo devido à falta de guardas prisionais.
Outra fonte ouvida pela reportagem de Opera Mundi confirmou as péssimas condições do Estabelecimento Prisional do Linhó. João (nome fictício) disse que o irmão, que cumpre pena no mesmo local, relata que há pessoas com problemas psicológicos graves e que os guardas mantêm esses indivíduos fechados em celas de castigo. Com a greve, a situação piorou.
“Os agentes não têm empatia porque, para eles, as pessoas que estão ali não são seres humanos. Por isso deixam as coisas chegarem nessas condições. Falta d’água, falta de luz, gente passando mal (…) meu irmão conta que eles pedem ajuda a noite toda, mas ninguém aparece. É como se os agentes estivessem descontando nos detidos. Pode-se dizer que aquilo é o Carandiru em Portugal”, desabafou.
Opera Mundi entrou em contato com o Ministério Público e o Estabelecimento Prisional do Linhó, mas até o fechamento desta reportagem não obteve respostas.