O governo do Brasil publicou na quinta-feira (13/02) um documento que sintetiza as prioridades do BRICS sob a sua Presidência, em 2025, abordando tópicos como saúde global, questões comerciais e de investimentos, mudanças climáticas, governança da inteligência artificial, reforma da arquitetura multilateral de paz e segurança.
Entretanto, o comunicado chama a atenção ao destacar, logo em suas primeiras linhas, que o Brasil assume grandes responsabilidades neste ano, incluindo o comando do próprio BRICS e a COP-30, em um “contexto de tensões geopolíticas que se aprofundam e que desafiam a frágil ordem multilateral internacional vigente”.
Acrescenta, em seguida, que “o recurso insensato ao unilateralismo e a ascensão do extremismo em várias partes do mundo ameaçam a estabilidade global e aprofundam as desigualdades que penalizam as populações mais vulneráveis em diferentes partes do planeta”.
O documento formalizado pelo governo Lula não cita nomes, mas faz referência às recentes ameaças lançadas pelos Estados Unidos, sob a gestão de extrema direita de Donald Trump. Nos últimos dias, o magnata ameaçou impor uma tarifa de 100% sobre todas as importações provenientes dos países integrantes do BRICS, caso o bloco prosseguisse com o lançamento de uma moeda comum, descartando o uso do dólar americano para transações em nível global.
Após o anúncio brasileiro, e horas antes de se reunir com o primeiro-ministro indiano Narendra Modi, Trump declarou que “o BRICS está morto”.
“O BRICS foi colocado lá com um propósito ruim. Eu disse a eles que se eles quiserem brincar com o dólar serão atingidos por uma tarifa de 100%. No dia em que eles mencionarem que querem fazer isso, eles voltarão e dirão: nós imploramos, nós imploramos. O BRICS está morto desde que mencionei isso”, disse o republicano.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou impor uma tarifa de 100% sobre todas as importações provenientes dos países integrantes do BRICS, caso o bloco prosseguisse com o lançamento de uma moeda comum, descartando o uso do dólar americano
Em contraposição, o documento do BRICS também reforça a importância e o “potencial” do grupo, além de dar destaque à necessidade de um diálogo para superar conflitos internacionais.
“O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem destacado o potencial do BRICS como espaço para construção das soluções de que o mundo tanto precisa. Mais do que nunca, a capacidade coletiva de negociar e superar conflitos por meio da diplomacia se mostra crucial. Nosso agrupamento dialoga com todos e está na vanguarda dos que defendem a reforma da governança global”, diz a nota.
A sigla BRICS é a junção da primeira letra de cada um dos cinco primeiros membros: Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. O grupo é composto por países emergentes e voltado para o desenvolvimento socioeconômico sustentável.
Nos últimos dois anos, o BRICS se expandiu e foram incorporados seis novos membros: Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Indonésia e Irã. Além disso, foram admitidos como países parceiros Belarus, Bolívia, Cazaquistão, Cuba, Malásia, Nigéria, Tailândia, Uganda e Uzbequistão.
(*) Com Agência Brasil