Os governos de Burkina Faso, Mali e Níger enviaram uma carta conjunta, ao Conselho de Segurança, principal órgão da Organização das Nações Unidas (ONU) para denunciar o “apoio aberto do governo ucraniano aos atos de terrorismo realizados por grupos separatistas na região do Sahel”.
O documento foi entregue ao Conselho nesta terça-feira (20/08) e aborda a questão dos ataques realizados por grupos rebeldes separatistas tuaregues nos territórios desses três países da África Ocidental.
A carta narra algumas das ações ocorridas na região nos últimos meses, como um ataque a uma aldeia no Mali – em Tinzawaten, próximo à fronteira com a Argélia – no qual vários soldados do exército local foram mortos.
O episódio ocorrido em território maliano é tratado com destaque na missiva porque um dos porta-vozes da inteligência militar ucraniana, Andriy Yusov, chegou a gravar um vídeo admitindo o papel do seu país no apoio aos grupos que realizaram o ataque. A declaração, inclusive, teria sido confirmada por Yurii Pyvovarov, embaixador da Ucrânia no Senegal.
Na carta, Burkina Faso, Mali e Níger pedem que o Conselho de Segurança tome “as medidas apropriadas contra estas ações subversivas que fortalecem os grupos terroristas na África”, e defendem a aplicações de sanções contra a Ucrânia.
“Estamos diante de um caso em que se vê o apoio oficial e inequívoco do governo da Ucrânia a grupos terroristas que atuam na África, especialmente na região do Sahel. Estes atos constituem também uma violação da soberania e da integridade territorial dos nossos Estados, uma clara agressão e um apoio flagrante à violação da Carta das Nações Unidas e das convenções internacionais”, diz o documento assinado pelos chanceleres dos três países.
Vale ressaltar que os três países autores da iniciativa assinaram em setembro de 2023 um acordo de deseja conjunta, que criou a chamada Aliança dos Estados do Sahel, através do qual se comprometeram a agir de forma coordenada para enfrentar ações de grupos separatistas tuaregues que atuam em seus territórios.
Além disso, os governos de Mali e do Níger anunciaram, no início deste mês, o rompimento de suas relações diplomáticas com a Ucrânia.