Caracas denuncia medida ‘ilegal e desesperada’ de Trump contra petróleo venezuelano
Presidente dos EUA anunciou na segunda-feira (24) tarifas secundárias de 25% contra países que comprarem combustível da Venezuela
A Venezuela rechaçou “firme e categoricamente” as tarifas secundárias de 25% anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra todos os países que comprarem petróleo ou gás de Caracas, anunciadas na última segunda-feira (24/03).
Em publicação na rede social Truth, o republicano disse que a medida vai entrar em vigor em 2 de abril. Também justificou a sanção devido a um suposto comportamento “hostil” da Venezuela com os EUA e as “liberdades” que o país defende.
Por meio de um comunicado do Ministério das Relações Exteriores, Caracas classificou o anúncio como uma “nova agressão” que é “arbitrária, ilegal e desesperada”, mas que está “longe de afetar” a autodeterminação venezuelana.
A medida econômica confirma “o fracasso retumbante de todas as sanções impostas contra a Venezuela”. “Há anos, a direita fascista, repudiada pelo povo venezuelano, promove sanções econômicas com a ilusão de render a Venezuela. Elas fracassaram”, disse ainda o documento.
Segundo a chancelaria, as sanções não tiveram êxito porque “a Venezuela é um país soberano, porque seu povo resistiu com dignidade e porque o mundo não se submete mais a nenhum esquema de ditadura econômica”.
“Hoje essa mesma estratégia fracassada está sendo reeditada com medidas coercitivas que buscam minar o desenvolvimento de nossa nação”, declarou o governo, ao denunciar que a medida norte-americana “viola flagrantemente as regras do comércio internacional”.

Ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Yvan Gil
Citando leis do Acordo Geral de Tarifas e Comércio, documento de 1947 base para a criação da Organização Mundial do Comércio (OMC), a Venezuela ressalta que o anúncio de Trump desrespeita os regulamentos que proíbem a discriminação entre parceiros comerciais, a imposição de barreiras comerciais disfarçadas e o princípio da não discriminação e do tratamento justo.
“Essas regras foram criadas justamente para evitar que um país use o comércio como arma de pressão política contra outro. A Venezuela tomará todas as ações relevantes perante os órgãos internacionais para fazer valer seus direitos e denunciar essa nova violação da ordem econômica mundial”, garantiu.
Condenação chinesa
A China condenou as medidas anunciadas por Trump. De acordo com o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Guo Jiakun, essas sanções representam “um abuso de jurisdição extraterritorial” e uma “interferência grosseira nos assuntos internos de outros países”.
Guo enfatizou a firme oposição da China a essas ações, instando Washington a retirar todas as sanções unilaterais contra a Venezuela e a contribuir para o desenvolvimento pacífico e estável da nação latino-americana.
Ele também enfatizou que as guerras comerciais e tarifárias não têm vencedores, alertando que essas medidas só aumentarão as perdas para empresas e consumidores norte-americanos.
A China, um dos principais parceiros comerciais da Venezuela, importou 1,4 milhão de toneladas métricas de petróleo venezuelano em 2024, classificando-se como o décimo segundo maior exportador de petróleo bruto para o gigante asiático.
(*) Com Ansa e TeleSUR
