Vistoso, colorido, patético, oportunista. O carnaval na Argentina tem cores e identidade locais, apesar de manter pelo menos um dos olhos sempre colado nos vizinhos Brasil e Uruguai, suas principais influências.
As maiores demonstrações públicas do carnaval se concentram nas cidades de Buenos Aires, Gualeguaychú (no estado de Entre Ríos, vizinho ao Uruguai), e Corrientes (próxima ao Brasil).
Cerca de 300 mil pessoas tinham comparecido aos 30 desfiles de rua diários de Buenos Aires até o final da semana, segundo dados do governo argentino. A atração principal de cada grupo são as 105 “murgas”. No total, cerca de 17 mil integrantes desfilam sua estética de gosto duvidoso.
As “murgas” portenhas, agrupações populares que, em sua maioria, recebem subsídios oficiais, parecem suas homólogas uruguaias, apesar de terem diferenças.
Na Argentina, as “murgas” não possuem estruturas musicais ou rítmicas elaboradas e tampouco contam com cantores ou coros, que têm destaque no Uruguai. Pelo contrário.
Os bumbos e tambores dos “murgueros” argentinos trazem a logomarca das torcidas organizadas de futebol. A dança é de certa forma desajeitada, se assemelhando a um surto epilético.
Corrientes
Em Corrientes, os jurados dos desfiles têm de depositar os votos em segredo e afastarem-se da cidade antes que o resultado final seja revelado, por motivos de segurança. Lá, os tradicionais grupos Ara Berá e Sapucay contam com patrocinadores poderosos que reapresentam, ao mesmo tempo, setores do establishment político do estado.
Este ano, os carnavais correntinos, os mais parecidos com o do Brasil pela dimensão de suas produções, foram patrocinados por Pepsi Cola, Carrefour e Brahma, entre outros.
Gualeguaychú
Devido à proximidade com Buenos Aires, Gualeguaychú se converteu em um pólo de atração para os portenhos, ávidos por excessos. A diferença com Corrientes é o caráter fundamentalmente turístico do carnaval de Gualeguaychú, que é vendido na capital com forte conotação sexual.
Jujuy
Mais discreta e menos artificial, a celebração de carnaval de Jujuy pode ser considerada a mais autêntica do país. O estado, localizado ao norte, é vizinho da Bolívia, e por isso, herdou as tradições ancestrais do povo “kolla”.
Os festejos começam com a cerimônia de dos Rey Momo e Rey Diablo (Carnaval Grande), no dia 7 de fevereiro. De acordo com a tradição, o diabo perambula pela terra durante quatro dias, incentivando todos os tipos de excesso – em particular, os etílicos e eróticos. O epicentro desta celebração, que atraiu esse ano cerca de 20 mil turistas, foram as cidades de Humahuaca e Tilcara.
Após os quatro dias, começa o “ablande” (amolecimento), em que homens e mulheres, separados, se reúnem na praça principal de cada povoado e jogam um nos outros serpentinas, talco, papel picado e cantam “coplas”, um ritmo típico do norte.
A folia termina com o enterro do diabo (carnaval chico), ao pé de uma montanha, com a participação de todos os comparsas.
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