O encontro da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenho (Celac) que reuniu cerca de 400 organizações políticas e movimentos populares das regiões e países do Sul Global, entre os dias 27 e 28 de junho repudiou, em sua declaração final, a prisão política de Daniel Jadue no Chile, de Jorge Glas no Equador, e muitos outros companheiros e companheiras em todas a região, assim como “a nova invasão imperialista do Haiti“.
Esses casos foram apontados no encontro da Celac Social como exemplos dos desafios enfrentados para que a região se consolide como uma zona de paz.
“É preciso que a Celac estimule, não como mero enunciado, Nossa América como zona de paz, que avance mais em soberania e direitos para os povos por meio de uma agenda social distributiva, política, cultural, econômica, social, sanitária, educativa, ambiental e energética comum”, diz o comunicado.
Realizada pela primeira vez em Buenos Aires, em fevereiro de 2023, a Celac Social deste final de semana aconteceu em Tegucigalpa, capital de Honduras e teve como marco os 15 anos do golpe contra Manuel Zelaya, ex-presidente do país.
Giovani Del Prete, integrante da Alba Movimientos, presente na Celac, destaca a importância de denunciar o golpe contra Zelaya e dar respaldo político ao governo de Xiomara Castro em Honduras.
“É importante estar junto com o povo hondurenho, acompanhando o governo da Xiomara Castro nesses 15 anos do golpe, que marcou o dia 28 de junho. A gente poder dar esse respaldo ao povo hondurenho nesse momento chave de resistência. É um povo que resistiu depois do golpe de 2009 até eleger a primeira mulher presidente da República de Honduras pelo Partido Livre, que é um mandato que vem desse processo das forças populares organizadas em Honduras.”
Na declaração final da cúpula, as organizações políticas e movimentos populares destacam a necessidade de fortalecer a integração regional para fazer frente ao crescimento da extrema direita, que tem como seu principal expoente o atual presidente da Argentina, Javier Milei, “uma experiência sem precedentes de destruição de qualquer vínculo social” no país.
“Nesse cenário, é mais do que justificada a necessidade de relançar uma iniciativa integracionista forte e poderosa que faça parte da recuperação de uma agenda social e popular que contribua para o enfrentamento do projeto de regressão social, política, econômica e cultural imposto pela ultradireita na região.”
Messilene Gorete, militante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), destacou em sua fala durante o encerramento da cúpula neste domingo (30/06), a pressão dos movimentos populares sobre os governos para garantir que as mudanças pleiteadas pelos povos sejam atendidas.
“Nossos governos não têm a capacidade de fazer mudanças sem o acompanhamento do povo nas ruas. Nossos governos não podem ter medo da mobilização popular. Eles precisam até mesmo nos chamar às ruas para mobilizar contra a extrema direita e enfrentar o Estado burocrático burguês a fim de fazer as mudanças de que precisamos”.
Carlos Ron, vice-ministro da Venezuela para a América do Norte e presidente do Instituto Simon Bolívar para a Paz e Solidariedade entre os Povos, destacou a importância de unidade entre a esquerda a nível regional para enfrentar os retrocessos impostos pela agenda da direita ultraliberal.
“Este continente é construído com base na unidade. É fundamental que enfrentemos os desafios que temos, essa direita neofascista que quer nos amedrontar com seu lawfare, sanções ilegais e motosserras. Mas nós temos o povo nas ruas, com dignidade. E sabemos que a defesa desse projeto unido está justamente em manter essa unidade do povo viva e forte.”