O assessor especial para assuntos internacionais da Presidência brasileira, Celso Amorim, declarou que o governo de Luiz Inácio Lula da Silva pretende estreitar as relações com a China, sem que seja necessária a assinatura de um “contrato de adesão”.
O posicionamento foi dado em entrevista ao jornal O Globo, em matéria publicada nesta segunda-feira (28/10), em meio à expectativa de que o Brasil possa aderir à Iniciativa do Cinturão e Rota durante a visita do mandatário chinês Xi Jinping no Rio de Janeiro, em novembro, para a Cúpula do G20.
“A palavra-chave é sinergia. Não é assinar embaixo, como uma apólice de seguro. Não estamos entrando em um tratado de adesão. É uma negociação de sinergias”, afirmou Amorim. De acordo com O Globo, nesse sentido, o assessor especial de Lula “sinalizou que o Brasil não deve aderir formalmente ao programa chinês”.
O programa trilionário de investimentos chineses, que existe há mais de uma década e conta com a assinatura de 150 países em desenvolvimento, vem sendo dialogado com o governo brasileiro há um tempo.
“Eles (os chineses) falam sobre cinturão, mas não é uma questão de aderir. Eles dão os nomes que eles quiserem para o lado deles, mas o que interessa é que são projetos que o Brasil definiu e que serão aceitos ou não”, acrescentou o ex-chanceler.
Na semana passada, Amorim chegou a participar de uma missão à China com o objetivo de discutir relacionados à visita de Estado que Xi realizará ao Brasil, no próximo mês.
Na entrevista ao O Globo, o assessor especial avaliou que os projetos que estão em estudo entre os dois países poderão ser estendidos para outras nações sul-americanas. Dessa forma, a expectativa é de que o país asiático ofereça oportunidades não apenas em infraestrutura, mas também em outras áreas, que vão de energia solar a carros híbridos ou elétricos.
“A ideia é passar para outro patamar e isso faz parte de uma visão do Brasil, de ter suas relações diversificadas e não ficar dependendo de um único fornecedor, ou um único parceiro. A parceria não é só comprar e vender, mas investir com insumos feitos no Brasil, por exemplo”, explicou.
Vale lembrar que, na semana passada, os Estados Unidos se manifestaram contrários à assinatura do acordo entre Brasília e Pequim. A representante de Comércio norte-americana, Katherine Tai, afirmou que o Brasil deveria ter cautela com a possível adesão.
A Embaixada da China em Brasília reagiu à interferência dos EUA, afirmando em nota que a recomendação “carece de respeito ao Brasil” e que “o país é soberano” nas suas escolhas.
(*) Com Sputnik