Segunda-feira, 16 de junho de 2025
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Celso Amorim, ex-chanceler e assessor internacional do presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou não defender a inclusão da Venezuela no BRICS, grupo que se reúne a partir desta terça-feira (22/10) em Kazan, na Rússia.

“Eu não defendo a entrada da Venezuela. Acho que tem que ir devagar. Não adianta encher [o BRICS] de países, senão daqui a pouco cria-se um novo G77″, declarou Amorim, em entrevista à CNN Brasil.

Segundo ele, “a entrada de novos países precisa ser muito bem estudada” porque as novas adesões precisam “contribuir e ter uma concepção estratégica”.

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“O mundo vive dias de guerras com potencial de escalarem para conflitos globais. O critério de admissão é mais importante do que o país em si”, ponderou o diplomata.

Já em entrevista ao jornal O Globo, o assessor indicou que “talvez ainda não seja possível chegar a uma conclusão” sobre o assunto, garantindo não estar “preocupado ou não” com a entrada da Venezuela no bloco de economias emergentes.

Contudo, justificou que a entrada de Caracas e outros países não se baseia em “julgamento moral ou político sobre o país”. “O BRICS tem países que praticam certos tipos de regime, e outros tipos de regime, a questão é saber se eles têm capacidade pelo seu peso político e pela capacidade de relacionamento, de contribuírem para um mundo mais pacífico”, afirmou Amorim.

Ricardo Stuckert/PR
Após eleições reelegeram Maduro, Lula adotou postura mais crítica em relação a Venezuela

O assessor ainda trouxe o exemplo da Arábia Saudita, que mesmo aprovada, ainda não fez sua adesão. e das recentes novas adições do Irã, Etiópia e Egito para respaldar seu argumento: “O Brasil quer fortalecer o BRICS, tivemos um aumento recente, estamos nos adaptando a esse aumento. A própria Arábia Saudita disse que ia entrar, foi em algumas reuniões, não foi a outras. Queremos que haja BRICS fortalecido, países que possam realmente contribuir para a paz pelo equilíbrio”, argumenta o ex-chanceler.

Ao mesmo tempo, Amorim defendeu que não há uma regra rígida, mas que a cúpula está aberta a países que tenham clara capacidade de relacionamento, o que compensaria nações de menor tamanho. O assessor citou o exemplo da Turquia, que não integra o grupo e faz contribuições efetivas.

Venezuela se candidatou para ingressar no organismo e, com a primeira cúpula do BRICS ampliado esta semana, na Rússia, a candidatura deve ser trazida à mesa.

Após as eleições presidenciais na Venezuela, em julho, que reelegeram Nicolás Maduro, segundo o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) do país, o presidente Lula adotou uma postura mais crítica em relação a Caracas, e não reconheceu ou rejeitou o resultado favorável ao chavista.

O mandatário brasileiro também foi um dos principais atores na América Latina a mediar a situação política entre o chavismo e a oposição de extrema direita, cobrando a apresentação das atas eleitorais.

Lula não comparece presencialmente à cúpula do BRICS devido a uma queda sofrida no último fim de semana, e será representado pelo ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira.

(*) Com Ansa e Sputnik