O chanceler argentino, Héctor Timerman, considerou nesta sexta-feira (5/11) “grave, inaceitável e inadmissível” a suposta incursão de militares da Bolívia no norte de seu país, onde eles teriam cometido agressões e roubado fazendas da região.
Segundo o ministro, o governo da presidente Cristina Kirchner “está dando tempo” ao chefe de Estado da nação vizinha, Evo Morales, para que tome medidas em relação ao caso. Timerman também acusou o coronel do Exército da Bolívia, Willy Gareca, que atua na fronteira, de dizer “que a Argentina ficou com parte do território” de seu país.
O mais recente roubo denunciado por produtores da cidade de Orán, em Salta, teria sido realizado em 20 de outubro. “É o último de uma longa série de incidentes na fronteira, que estamos tratando de solucionar com a Chancelaria boliviana”, indicou ele.
A eventual incursão de militares bolivianos em solo argentino, na província de Salta, foi comunicada à Justiça por uma empresa florestal localizada na zona limítrofe.
O titular de governo, Segurança e Direitos Humanos de Salta, Pablo Kosiner, solicitou a intervenção do Ministério de Relações Exteriores no caso “gravíssimo” de “abuso de autoridade dessas pessoas, que se intrometeram em território argentino”. O funcionário também garantiu que este era “um fato isolado” e não “um conflito entre nações”.
A embaixadora boliviana em Buenos Aires, María Leonor Arauco Lemaitre, afirmou hoje à imprensa local que seu país iniciou investigações para determinar se a patrulha liderada por Gareca violou os limites territoriais e cometeu roubos.
Malvinas
Em relação a outro tema da política externa argentina, Timerman assegurou hoje que seu país “não pensa” em atacar as Ilhas Malvinas, território britânico no Atlântico Sul que é reivindicado há décadas pela nação sul-americana.
O chanceler respondeu assim ao ministro de Defesa da Grã-Bretanha, Liam Fox, o qual disse que Londres não tem um plano de recuperar seu domínio no arquipélago, iniciado em 1833, porque não pensa em perdê-lo.
“Não vou entrar em nenhuma provocação do ministro de Defesa inglês. Ele disse 'não penso em perdê-las' [as ilhas]. Que não haja problemas, nós não pensamos em atacá-las”, apontou Timerman em declarações a uma rádio.
“A única maneira de recuperar as Malvinas, que é uma obrigação que temos todos os funcionários deste governo, dos anteriores e dos futuros, é através de negociações pacíficas”, continuou ele.
“Não vou entrar em nenhum tipo de agressão. Eles dispararam mísseis [em manobras realizadas em outubro] e fizemos o protesto onde teríamos que fazer”, na ONU, na Organização dos Estados Americanos (OEA), na União das Nações Sul-Americanas (Unasul) e no Comitê Marítimo Internacional, completou o ministro.
A Argentina chegou a travar uma guerra contra a Grã-Bretanha, em 1982, pelas Malvinas, mas perdeu. O litígio pelo território foi intensificado neste ano, com a decisão de Londres de explorar hidrocarbonetos na região — uma resolução das Nações Unidas determina que nenhuma atividade pode ser realizada nas ilhas de forma unilateral.
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