Sexta-feira, 4 de julho de 2025
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Em comunicado difundido nesta terça-feira (15/10), o chanceler da Venezuela, Yván Gil, condenou as afirmações feitas pelo procurador-geral do país, Tarek William Saab, que, em entrevista a um programa de televisão, acusou os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e do Chile, Gabriel Boric, de serem “agentes da CIA”.

Em reação a essas opiniões expressadas pelo procurador, o comunicado da chancelaria diz que “o Ministério do Poder Popular para as Relações Exteriores da República Bolivariana da Venezuela expressa à opinião pública nacional e internacional, especialmente ao povo e ao governo da República Federativa do Brasil, que as recentes declarações emitidas pelo Procurador-Geral da República a respeito do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, correspondem a opiniões de caráter personalíssimo e que em nenhum momento refletem a posição do Executivo Nacional, responsável pela política externa venezuelana”.

“A Diplomacia Bolivariana da Paz reafirma seu compromisso com a construção de laços de irmandade e solidariedade entre Brasil e Venezuela, que avançaram, nos últimos tempos, em importantes e diversas áreas políticas, econômicas e sociais, ratificando absoluto respeito à trajetória histórica do Presidente Lula da Silva e sua liderança no Brasil, bem como as relações entre países, Estados e povos que continuarão a se fortalecer”, acrescenta o comunicado.

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A declaração de Saab sobre a suposta ligação entre os mandatários e a Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos (CIA) ocorreu durante uma entrevista para o programa de televisão “Análise Situacional”, do canal local Globovisión, na noite deste domingo (13/10).

Ao se referir a Lula, o procurador alegou que um dos indícios de tal elo seria o fato de que o presidente brasileiro teria mudado sua postura após sair da prisão, em 2019. “Ele não é mais a mesma pessoa que saiu da prisão, nem na aparência, nem na maneira de se expressar”, afirmou.

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Após a repercussão da entrevista nas redes sociais, o próprio Saab publicou um comunicado dizendo o mesmo que a nota da chancelaria, afirmando que suas opiniões são pessoais e não devem ser atribuídas ao governo de Nicolás Maduro.

“Tendo em vista a campanha orquestrada por meios estrangeiros, que tentam tirar de contexto e manipular (as declarações) segundo sua conveniência, para tergiversar uma opinião que expressei sobre o Presidente do Brasil, Lula da Silva, em uma entrevista realizada no domingo, em um canal de televisão nacional, devo esclarecer o seguinte: as mesmas (opiniões), ao serem ditas a título pessoal, não podem ser atribuídas à posição oficial do Executivo Nacional, que tem seus canais regulares e porta-vozes oficiais para tratar os temas devidos”, diz a mensagem difundida pelo procurador nesta terça-feira (15/10).

Procurada pela reportagem de Opera Mundi, a Assessoria de Imprensa do Itamaraty disse que não há qualquer comunicado oficial da diplomacia brasileira a respeito do caso.

A Secretaria de Comunicação da Presidência da República, através de suas plataformas oficiais, tampouco se manifestou a respeito do tema.

Acusação a Boric

Em outro momento do programa de domingo, Saab atacou o presidente chileno Gabriel Boric, com o mesmo argumento de ser um suposto agente da CIA e alegando que ele “traiu a juventude que lutou contra (Sebastián) Piñera”, fazendo referência à revolta social ocorrida em outubro de 2019.

Apesar de as acusações terem sido direcionadas tanto a Lula quanto a Boric, a nota do Ministério das Relações Exteriores venezuelano expressa suas desculpas apenas ao presidente brasileiro e ao governo do Brasil.

Veja o trecho do programa em que o procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, critica Lula e Boric: