O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, afirmou hoje (10) que a desvalorização do bolívar, anunciada na sexta-feira (8), não implica no aumento do preço de nenhum bem ou serviço e instou os venezuelanos a não se converterem em “cúmplices dos especuladores”. As palavras, ditas durante o programa “Alô, presidente”, vieram em resposta às longas filas que se formaram em lojas, especialmente de eletrodomésticos, pelo temor de um aumento dos preços.
David Fernández/EFE
Venezuelanos fazem fila em loja de Caracas. Muitos foram atrás também de produtos de primeira necessidade, como feijão e farinha de trigo
“Não aceitaremos aumento de preços à raiz do controle cambiário”, afirmou Chávez, segundo a rede Telesur. Alguns comerciantes fecharam as portas para alterar os preços de alguns produtos importados.
“Faço um chamado (aos comerciantes) para que parem e que o povo não permita ser roubado. Não há razão para incremento de valores agora (…) Denunciem a especulação e nós iremos intervir em qualquer negócios de qualquer tamanho que esteja com a oligarquia especuladora”, acrescentou.
O presidente pediu o apoio dos conselhos comunitários, de todos os integrantes do PSUV (Partido Socialista Unidos de Venezuela) e das forças armadas para lutar contra “os saqueadores do povo, que abusam dos preços dos produtos”. Chávez advertiu que os negócios podem ser expropriados, “pelos trabalhadores, pelo povo”.
De acordo com o presidente, caso seja necessário o aumento dos preços, o Executivo será o primeiro a anunciar a medida, quando ela deverá ser aplicada e o valor. Chávez também pediu aos setores privados venezuelanos que trabalhem em conjunto com o setor público e não se aproveitarem dos anúncios realizados pelo governo “para desestabilizar o país e encher as pessoas de medo”.
No programa, o presidente explicou que aqueles comerciantes que tenham importado algum produto e tenham o colocado à venda, não remarquem os preços, pois os itens foram importados com o preço do dólar anterior e indicou que, apesar de “o socialismos começar a brotar no país”, o governo e o povo devem prestar contas ao mercado capitalista que ainda existe e domina o mercado venezuelano.
Dólar permuta
Durante o programa, Chávez também ressaltou que o preço do petroleiro (4,30 bolívares) está muito abaixo do chamado dólar permuta, mecanismo ilegal que será combatido com uma forte intervenção do BCV e do governo. Ele pediu ao ministro de Planificação e Desenvolvimento, Jorge Giordani, que ataque este mercado paralelo que permite a fuga de divisas do país.
O ministro das Finanças, Ali Rodriguez, disse na última sexta-feira que o impacto da desvalorização sobre a inflação ficaria entre 3% e 5%, sem detalhar a nova expectativa do governo para o indicador. Horas depois, o ministro do Planejamento, Jorge Giordani, afirmou que bens “desnecessários vão ficar mais caros. O governo assegura que a desvalorização ajudará setores exportadores, em um país que importa a maior parte do que consome.
NULL
NULL
NULL