Quinta-feira, 15 de maio de 2025
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A economista-chefe do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, provocou um escândalo na Argentina após declaração feita nesta quinta-feira (24/04), na qual ela defendeu que os eleitores desse país votem no partido governista, nas eleições legislativas marcadas para o mês de outubro.

“É muito importante que a vontade de mudança não seja frustrada. Até o momento, não vemos esse risco se materializando, mas peço à Argentina que mantenha o rumo”, disse a economista búlgara, em uma entrevista realizada em Washington, capital dos Estados Unidos.

As palavras da chefe do FMI foram interpretadas como uma declaração de apoio ao governo do presidente Javier Milei e ao partido A Liberdade Avança, representante da extrema direita no país.

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Vale lembrar que a Argentina elevou sua uma dívida com FMI para US$ 61 bilhões, após um novo empréstimo de US$ 20 bilhões aprovado em março deste ano.

A dívida original, de US$ 47 bilhões, foi adquirida em 2018, durante o governo de Mauricio Macri (2015-2019), representante da direita tradicional mas que atualmente é um aliado de Milei. Durante a gestão de Alberto Fernández (2019-2023), o país consegui reduzir o valor para US$ 41 bilhões.

Na mesma declaração, Georgieva reconheceu que a Argentina vem mostrando dificuldades para lidar com as prestações da dívida, mas afirmou que “o país está mostrando que desta vez será diferente”.

Vale destacar que as eleições legislativas deste ano estão marcadas para o dia 26 de outubro. O pleito servirá para renovar 127 das 257 vagas da Câmara dos Deputados, e 24 das 72 cadeiras do Senado Federal.

Declarações de Kristalina Georgieva em Washington foram interpretadas como apoio indevido ao governo de Milei
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Reação peronista

Após a declaração de Georgieva, o Partido Justicialista, sigla que reúne diferentes correntes do peronismo – algumas mais à esquerda, outras mais moderadas –, emitiu um comunicado rechaçando o que classificou como uma “tentativa de intromissão no processo eleitoral de um país soberano como a Argentina”.

A ex-presidenta Cristina Fernández de Kirchner (2007-2015), principal líder do peronismo, acusou a economista-chefe do FMI de “pedir para que que as pessoas votassem nos candidatos de Milei nas próximas eleições”.

“Nós argentinos tivemos que nos esforçar muito para conquistar a liberdade de voto, e isso não foi para que, agora, tenhamos que submeter esse direito à decisão a um organismo estrangeiro que não tem voz ativa na vontade do povo argentino”, argumentou a ex-mandatária.

Kirchner também criticou o empréstimo de US$ 20 bilhões anunciado em março, afirmando que a medida teria “motivação política”, e que serviria para ajudar o governo atual a ter recursos para a campanha das eleições legislativas.

Já o governador da Província de Buenos Aires, Axel Kicillof, recordou que “desde o primeiro empréstimo que nos deram, o FMI ficou conhecido por impor ao nosso país as políticas de ajuste econômico que empobreceram milhões de pessoas”.

“Agora o organismo (FMI) quer ir além, e também pretende indicar quem deve governar a Argentina”, completou o governador, que é especulado como possível candidato presidencial da esquerda argentina para as eleições de 2027.

 

Com informações de Página/12 e El Destape.