A batalha para a sucessão presidencial chilena parece estar nas mãos de mulheres. A presidente Michelle Bachelet, que termina o mandato com popularidade de mais de 73%, mandou sua principal colaboradora, a ministra porta-voz do governo Carolina Tohá, renunciar para chefiar a campanha do candidato da Concertação, Eduardo Frei, para o segundo turno do dia 17 de janeiro contra Sebástian Piñera, da Coligação para a Mudança, de direita.
Aos 44 anos, Tohá é uma jurista popular e próxima a Bachelet. Filha de José Tohá, que foi vice-presidente do governo de Salvador Allende e morreu encarcerado, poucos dias após o golpe militar de 1973, ela simboliza também a aliança entre o Partido Socialista e a democracia-cristã.
O comando de campanha de Piñera respondeu com a nomeação de uma nova equipe de porta-vozes, formada exclusivamente por mulheres, sendo três da Renovação Nacional (RN) e uma da UDI (União Democrática Independente), representante da direita neopinochetista.
O grupo será liderado pela senadora Lily Pérez, vista como símbolo da vitória já que conseguiu se eleger na difícil circunscrição da Quinta Cordilheira. Com ela, trabalharão as deputadas Harla Rubilar e Marcela Sabat, da RN, e Mónica Zalaquett, da UDI, irmã do prefeito de Santiago, Pablo Zalaquett Said.
Lily Pérez disse esperar que a presença de uma mulher como chefe de campanha de Frei ajude para que “as coisas sejam menos duras, com menos ataques, menos desqualificação”. “Nós, as mulheres, queremos amor, não queremos guerra na política”, acrescentou a nova porta-voz.
É num ambiente de guerra, porém, que começou a campanha pelo segundo turno. Frei e Tohá apelaram juntos pela luta contra “o poder do dinheiro”, criticando o bilionário Piñera por “não ter vendido até agora nenhuma das ações” de suas empresas.
Já Piñera insistiu que a Concertação estava fazendo “uso e abuso de recursos públicos em favor de uma candidatura”. Rechaçou a comparação com o primeiro-ministro italiano Silvio Berlusconi e advertiu que se a Concertação continuar a atacá-lo por seus negócios, será “o caminho direto para a derrota eleitoral”.
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