Sábado, 8 de novembro de 2025
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Ao lado das discussões sobre a instalação de usinas termoelétricas a carvão e hidroelétricas no Chile, surgem também correntes de apoio a formas alternativas de geração de energia, que não agridam o meio ambiente.  A principal é a favorável à geotérmica, que, de acordo com especialistas entrevistados pelo Opera Mundi, poderia ser facilmente desenvolvida no país.

O consumo de eletricidade no Chile oscila entre seis e sete mil megawatts, e a maior demanda é oriunda da mineração, segundo dados da organização Chile Ambiente. “O setor mineiro utiliza mais de 32% da eletricidade gerada no país e, ao lado do setor industrial, supera 66% do consumo total. A demanda residencial não chega a 20% da produção energética”, explicou o ambientalista Patrício Rodrigo, diretor executivo da Corporação para a Conservação e Preservação do Ambiente.

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De acordo com o Modema (Movimento de Defesa do Meio Ambiente), 65% da potência geradora instalada no Chile correspondem a termoelétricas, 34% a hidroelétricas e 1% à eólica. “A geração atual do país, supre, mas a necessidade energética continua subindo”, afirmou o engenheiro do Departamento de Estudos de Geotermia, Tomás Neira.

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Segundo ele, a projeção é de que em 2015, o abastecimento energético do Chile dependerá da instalação de fontes que produzam pelo menos 60 mil megawatts, o que equivale “a duas termoelétricas a carvão, uma usina nuclear, três centrais geotérmicas ou uma hidroelétrica do porte da que querem construir na Patagônia”.

Para o engenheiro da Carbo-Ambiente, Álvaro Molina, a “sede de energia desordenada, barata e de rápida obtenção”, através de termoelétricas, pode resultar eficiente em curto prazo, mas conduzirá o país a um “futuro terrível”, até para as relações comerciais. “Estamos carbonizando nossa matriz energética, emitindo cada vez mais CO2. Hoje, consumidores europeus já desconsideram a compra de produtos derivados de fontes energéticas com emissões poluentes”, disse.

Para ele, é um desperdício que até agora o país não tenha investido em investigação geotérmica. “Somos um país vulcânico, com grande potencial desta energia”. O presidente da Associação Chilena de Energia Geotérmica, Fernando Allendes Becerra, defende que o Chile possui um dos maiores potenciais mundiais desta fonte de energia e uma urgente necessidade de contar com energia própria, limpa e confiável.

Fontes limpas

De fato, no início de setembro, o ministério de Energia chileno abriu uma licitação para outorgar 21 áreas de exploração de energia geotérmica, que somam 965 mil hectares de extensão. Segundo o ministro Ricardo Raineri, a meta é efetuar, ao todo, 170 concessões para sondagem do potencial de geração desta fonte energética nas áreas em questão e posterior exploração, cuja inversão estimada de 100 milhões de dólares.

A medida é bem recebida por ambientalistas, que encontram na geotermia uma das soluções para os problemas energéticos locais. “O Chile pode produzir cerca de 16 mil megawatts deste tipo de energia, que traz grandes benefícios ambientais por não emitir carbono, está distribuída por todo o território e pode diminuir nossa dependência atual de poucas fontes de energia”, explicou Patricio Rodrigo.


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Segundo Raineri, o projeto de lei que modifica o procedimento de Concessões de Energia Geotérmica está em trâmite na Câmara de Deputados. As alterações teriam como objetivo eliminar travas e acelerar os processos de entrega de concessões para a exploração das fontes do recurso. “O grande desafio é atrair empresas interessadas em investir neste setor e criar condições para que a exploração dos recursos seja integral, captando todos os usos e potencialidades que energia pode entregar. Esperamos ver o Chile como um dos grandes produtores de energia geotérmica do mundo em 15 anos”, afirmou Becerra.

Uma das preocupações que rondam os incentivos à exploração foi o acidente ocorrido na região dos gêigeres do Tátio, no deserto do Atacama. Em 2008, foram identificadas fugas de gases e vapor decorridas do trabalho de exploração a cargo de uma sociedade formada pela empresa italiana Enel, pela Empresa Nacional de Petróleo (Enap) e pela Corporação Nacional do Cobre (Codelco), como sócia minoritária. A Comissão Regional de Meio Ambiente determinou a paralisação das perfurações e iniciou uma investigação para identificar os responsáveis, além do eventual impacto ambiental.

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Chile deveria investir em energia geotérmica, afirmam especialistas

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