Chile indica ex-presidente Michelle Bachelet para secretária-geral da ONU
Para Gabriel Boric, candidatura 'corresponde à América Latina'; cargo nunca foi ocupado por uma mulher
O presidente chileno, Gabriel Boric, anunciou durante seu discurso na 80ª Assembleia Geral da ONU, na terça-feira (23/09), a indicação de Michelle Bachelet para o cargo de secretária-geral das Nações Unidas. “A candidatura corresponde à América Latina e devo também enfatizar que é a vez das mulheres”, declarou o ministro das Relações Exteriores, Alberto Van Klaveren.
“Há um consenso internacional de que chegou a hora de uma mulher ocupar o cargo mais alto no sistema das Nações Unidas, e o Chile tem uma candidata excepcional“, acrescentou Van Klaveren.
A América Latina teve apenas um secretário-geral em sua história — Javier Pérez de Cuéllar, do Peru, que ocupou o posto entre 1982 e 1991.
Além de ter sido eleita democraticamente presidente do Chile por dois mandatos (2006-2011 e 2014-2018), Bachelet também exerceu altos cargos nas Nações Unidas, primeiro como alta-comissária para os Direitos Humanos e depois como diretora-executiva da ONU Mulheres. Essas credenciais são destacadas pelo governo chileno ao indicá-la para o mais importante cargo diplomático internacional.
Em sua fala, Boric também pediu o fim do conflito em Gaza, enfatizou a necessidade de soluções para a crise climática e destacou o poder da democracia na resolução de conflitos.

Alberto van Klaveren reafirmou o que o presidente Boric havia dito: é hora de a América Latina ocupar o mais alto cargo nas Nações Unidas
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“A guerra é a continuação da política por outros meios”
O presidente do Uruguai, Yamandú Orsi, fez sua primeira participação na Assembleia Geral da ONU nesta terça-feira (23), pedindo união pela estabilidade e pela paz. Ele condenou “o uso de práticas militares destinadas a semear medo, terror e morte entre a população civil” e alertou para as “novas formas de crueldade que os conflitos atuais estão assumindo”.
“Que fique bem claro: condenamos todas as formas de terrorismo, que constituem, entre outras coisas, um ato desprezível de covardia”, afirmou Orsi, observando que “o objetivo central das guerras de hoje parece ser o extermínio”. O presidente uruguaio pediu “o banimento daquele velho preceito de que a guerra é a continuação da política por outros meios”, argumentando que “toda guerra é criminosa, não importa onde ocorra, não importa que Deus seja invocado para justificá-la; portanto, sempre merecerá nossa condenação mais visceral”.
Orsi afirmou que “nenhum Estado que alega ser democrático e viver sob o domínio do direito internacional pode, mesmo sob o legítimo direito de se defender contra o terrorismo, exercer barbárie contra qualquer população civil, muito menos contra pessoas particularmente vulneráveis e indefesas”. O presidente não mencionou Israel diretamente em seu discurso.
O líder também destacou as características da sociedade e da democracia uruguaia. “Venho de um país onde já é prática comum um presidente viajar para nações vizinhas acompanhado por seus antecessores de outros partidos. Um país onde a alternância de partidos no governo não se traduz em crise institucional. Venho de um país onde um presidente pode andar despreocupado entre o povo, pode assistir a uma partida de futebol nas arquibancadas como qualquer outro torcedor”, disse.
Boluarte critica o totalitarismo
A presidente do Peru, Dina Boluarte, afirmou em seu discurso na Assembleia Geral da ONU nesta terça-feira (23) que o totalitarismo continua sendo uma “grave ameaça” global e defendeu o reforço de valores democráticos, como a liberdade. Ela destacou que, no caso peruano, foi superada recentemente “uma grande força política que queria a volta de um governo golpista“, ressaltando a importância da resistência institucional.
“(…) E com muito orgulho informo que o casamento infantil foi abolido em 2023. Senhora Presidente, como a primeira mulher presidente em mais de 200 anos…”, foi a última frase ouvida claramente antes de sua fala ser interrompida por exceder o tempo limite.
A mandatária peruana também manifestou apoio para que o próximo secretário-geral da ONU seja latino-americano.
Força-tarefa para deter genocídio em Gaza
Na 80ª Sessão da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, propôs uma força-tarefa da ONU para deter o genocídio palestino e fez contundentes críticas aos Estados Unidos, levando os representantes da Casa Branca a deixarem a sessão.
“Trump não só deixa que caiam mísseis contra os jovens no Caribe. Não só encarcera e acorrenta migrantes, mas permite que lancem mísseis contra crianças, jovens, mulheres e idosos em Gaza. Se faz cúmplice do genocídio, porque é genocídio e é preciso gritar isso uma e outra vez”, declarou.
“A ONU deve começar a sua mudança detendo o genocídio em Gaza”, afirmou o presidente da Colômbia, ao propor uma força armada para defender a vida do povo palestino. “Unidos pela Palestina, devemos estabelecer uma força de manutenção da paz para proteger o que é necessário”, apontou.























