China critica plano dos EUA para escudo antimísseis e alerta para militarização do espaço
Pequim pede a Washington que projeto Golden Dome seja abandonado 'o quanto antes'
O governo chinês expressou nesta quarta-feira (21/05) forte preocupação com o novo projeto de defesa antimísseis anunciado pelo ex-presidente norte-americano Donald Trump. Batizado de “Golden Dome”, o sistema pretende estabelecer uma rede de proteção espacial contra ameaças balísticas vindas de potências como China e Rússia.
Pequim apelou para que os Estados Unidos abandonem o desenvolvimento do sistema o quanto antes e tomem iniciativas concretas para restaurar a confiança mútua entre as principais potências militares.
Durante uma coletiva de imprensa, a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Mao Ning, afirmou que o plano possui “fortes implicações ofensivas” e representa um passo perigoso em direção à militarização do espaço.
“Os Estados Unidos, ao seguir a política do ‘America First‘ (‘EUA primeiro’), estão obcecados em buscar segurança absoluta para si mesmos. Isso viola o princípio de que a segurança de todos os países não deve ser comprometida e prejudica o equilíbrio estratégico e a estabilidade globais. A China está seriamente preocupada com isso”, afirmou.
Ela também destacou que o projeto incentiva uma nova corrida armamentista entre as grandes potências. “O espaço sideral deve ser usado de forma pacífica, como estabelece o Tratado do Espaço Exterior. Iniciativas como essa aumentam o risco de confrontos e abalam os mecanismos internacionais de controle de armas”, alertou Mao.

Daniel Torok /White House
Golden Dome
O projeto Golden Dome foi anunciado por Donald Trump nesta terça-feira (21/05), em evento transmitido nacionalmente. Ele prevê a criação de um escudo defensivo de múltiplas camadas, com capacidade para interceptar mísseis em órbita, e será comandado pela recém-criada Força Espacial dos Estados Unidos.
Trump garantiu que o sistema estará operando até o final do seu mandato. Com custo de R$ 989,9 bilhões (US$ 175 bilhões), ele “será capaz de interceptar mísseis, mesmo que sejam lançados do outro lado do mundo, mesmo que sejam lançados do espaço”, afirmou o presidente dos Estados Unidos.
A medida é apresentada como uma resposta às crescentes ameaças militares da China e da Rússia. Para a diplomacia chinesa, no entanto, o escudo sinaliza uma expansão significativa da presença bélica dos EUA no espaço.
Mao Ning ressaltou que esse tipo de avanço compromete a confiança estratégica entre os países e agrava tensões globais. “O equilíbrio de segurança internacional não pode ser garantido com base na supremacia de um único país”, declarou.
A China reiterou seu compromisso com o uso pacífico do espaço sideral e exortou a comunidade internacional a se opor a ações que possam transformar o espaço em um novo campo de batalha.
Com The Guardian e China Daily.
