Segunda-feira, 14 de julho de 2025
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A China executou hoje (29) o cidadão britânico Akmal Shaikh, o primeiro europeu que recebe a pena de morte no país asiático em quase 60 anos.

Shaikh, de 53 anos, casado, com três filhos foi condenado à morte em 2008 após ser detido com 4,03 quilos de heroína. Ele foi executado por meio de injeção letal às 10h30 (0h30 de Brasília) na cidade de Urumqi, um dia após ter sido informado da pena.

A execução foi condenada pelo governo britânico, que, em comunicado assinado pelo primeiro ministro Gordon Brown, manifestou “horror” pela pena importa e pelo fato de que Pequim tenha ignorado os pedidos de clemência de Londres.

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A defesa de Shaikh argumentava que ele tinha transtorno bipolar e foi enganado por outras pessoas para levar a droga à China, mas a Justiça do país asiático sustentou que os exames médicos não tinham apontado  nenhum problema psiquiátrico.

A lei chinesa prevê  pena de morte para as pessoas que forem detidas com mais de 50 gramas de um entorpecente.

Shaikh foi julgado “de acordo com as leis chinesas” e seus direitos foram “completamente protegidos”, disse hoje, em entrevista coletiva, a porta-voz de Assuntos Exteriores chinesa, Jiang Yu.

Jiang também lamentou as palavras de condenação do primeiro-ministro do Reino Unido e disse que a China “expressa seu forte desgosto pelas acusações de Brown” e “não admite interferências em seu sistema judiciário”.

A porta-voz disse que Pequim espera que a polêmica “não crie obstáculos nas relações entre a China e o Reino Unido”, confiou em que Londres “trate o caso com clareza” e ressaltou que a execução “não tem a ver com outros assuntos”.

Shaikh, de família paquistanesa e muçulmana, foi detido em 12 de setembro de 2007 com drogas no aeroporto de Urumqi, quando chegava de Dushanbe, capital do Tadjiquistão. Ele foi condenado à morte em 29 de outubro de 2008 pelo tribunal de Urumqi, e apelou duas vezes, sem sucesso e, em 21 de dezembro deste ano, a pena foi ratificada pela Corte Suprema.

A ONG Reprieve, que defende condenados em corredores da morte e uma das que mais acompanhou o caso, alega que Shaikh tinha sido enganado por um grupo de pessoas que tinham prometido transformá-lo em uma pessoa famosa.

A Reprieve também ajudou para que dois primos do condenado (Soohail e Nasir Shaikh) viajassem esta semana à China, onde pediram, sem sucesso, através de uma carta ao presidente da China, Hu Jintao, que a execução fosse anulada.

O último europeu que havia recebido pena de morte na China do que se tem notícia foi o italiano Antonio Riva, veterano militar executado em Pequim, em 17 de agosto de 1951, junto ao japonês Ruichi Yamaguchi, acusados de terem armado um complô para assassinar o líder chinês Mao Tsé-tung.

A China é o país que dita mais penas de morte no mundo e acumula mais de 70% do total mundial, mais de 1,7 mil em 2008, segundo Anistia Internacional. Já a ONG Fundação Dui Hua estima que o número ultrapasse os cinco mil.

 

A China modificou seu sistema judiciário em 2004, obrigando que todas as penas de morte fossem revisadas pela Corte Suprema (antes só bastava com a confirmação de tribunais locais), o que causou uma notável queda nessas sentenças.

 

Embora não existam números oficiais publicados, pois estes são considerados segredo de Estado, a queda, segundo diversas fontes, poderia oscilar entre 20% e 50%.

 

China executa britânico flagrado com drogas

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