China reúne Rússia, Irã e mais países em cúpula sobre hegemonia global
Organização de Cooperação de Xangai reafirmou apoio à soberania de países-membros
A China sediou nesta quinta-feira (26/06), na cidade portuária de Qingdao, uma reunião da Organização de Cooperação de Xangai (OCX) com a presença dos ministros da Defesa do Irã, da Rússia e de outros oito países aliados, em um momento classificado pelo governo chinês “mudanças cruciais” na ordem internacional.
O encontro acontece após os ataques de Israel e dos Estados Unidos contra o Irã e depois da cúpula da OTAN, em Haia, aprovar o aumento dos gastos militares dos países europeus, atendendo à pressão do presidente norte-americano Donald Trump.
A OCX é considerada a maior organização regional do mundo em termos de cobertura geográfica e populacional. Ela reúne países como China, Rússia, Irã, Índia, Paquistão e ex-repúblicas soviéticas da Ásia Central, representando cerca de 40% da população mundial.
O bloco é presidido neste ano pela China. Ao abrir o evento, o ministro da Defesa chinês, Dong Jun, afirmou que “enquanto as mudanças cruciais do século aceleram, o unilateralismo e o protecionismo estão em ascensão”. Ele defendeu o fortalecimento da coordenação multilateral no âmbito da OCX e da ONU, para garantir justiça internacional e manter a estabilidade estratégica.
“Os atos hegemônicos, dominantes e intimidatórios prejudicam gravemente a ordem internacional“, alertou. Ele convocou os países aliados a “adotarem ações mais robustas para proteger em conjunto o entorno para um desenvolvimento pacífico”.
O secretário-geral da OCX, N. Yermekbayev, destacou a importância da cooperação entre as agências de defesa dos estados-membros para responder, de forma abrangente, os desafios e ameaças de segurança modernos. E para fortalecer a construção de confiança na esfera militar, com exercícios militares conjuntos e o aprofundamento da cooperação médico-militar.

Organização de Cooperação de Xangai reúne países como China, Rússia, Irã, Índia, Paquistão e ex-repúblicas soviéticas da Ásia Central
Reproducao / SCO
Guerra e OTAN
A reunião aconteceu em Qingdao, sede de uma das principais bases navais da China, sinalizando a crescente cooperação em defesa entre os países do bloco. O ministro da Defesa chinês manteve conversas bilaterais com os ministros da Defesa do Irã, Hosein Dehgán, e da Rússia, Andrei Beloussov.
Beloussov exaltou os laços “em ascensão” com a China. Ele criticou o que chamou de “pretextos ocidentais” para enfraquecer o Irã, referindo-se às exigências sobre o programa nuclear do país persa. A OCX condenou formalmente os ataques contra o Irã, classificando-os como uma “violação grave do direito internacional”. O bloco também expressou “grave preocupação” com as consequências do conflito para a paz e segurança globais.
Durante o encontro, houve críticas à cúpula da OTAN, que elevou os gastos de defesa de seus membros para 5% do PIB. Os países da OCX apontaram a decisão como mais um passo na escalada armamentista global e um reflexo da pressão direta exercida por Washington sobre os aliados europeus. Eles também reforçaram a defesa da multipolaridade e a oposição às políticas agressivas do Ocidente.
A reunião de Qingdao terminou com um comunicado conjunto destacando a intenção do bloco de aprofundar a confiança mútua em questões militares, promover a cooperação regional, reforçar a capacidade de combate ao terrorismo e preservar a soberania e integridade territorial de seus países-membros.