Bani Walid, 150 quilômetros a sudoeste de Trípoli, num trecho de território que se estende deserto adentro, resiste ao avanço dos rebeldes pelo território líbio. Lá, combatentes leais ao coronel Muamar Kadafi — membros da tribo warfalla — lutam para proteger a cidade e se negam a negociar sua rendição.
“A porta ainda está aberta para negociações. Nossa oferta continua de pé”, disse Mohammed al Fassi, comandante das forças do Conselho Nacional de Transição (CNT) nos arredores de Bani Walid, de acordo com a agência Reuters. “A oferta é para que pessoas que cometeram crimes em nome de Kadafi sejam postas em prisão domiciliar até que um novo governo seja formado. Algumas delas aceitaram isso, mas outras disseram que não.”
Quando perguntando sobre a possibilidade de tomar Bani Walid à força, Fassi disse: “Não há outra opção.” As intensas negociações do fim de semana com anciões tribais da cidade não trouxeram resultados, e aparentemente foram abandonadas. “Como negociador chefe, não tenho nada a oferecer agora. Da minha parte, as negociações estão encerradas”, disse Abdallah Kanshil num posto de controle a cerca de 60 quilômetros da cidade. “Conclamo o pessoal de Kadafi a deixar a cidade em paz.”
A cidade no deserto ficou em evidência no mês passado, quando foram disseminados rumores de que dois dos filhos de Kadafi teriam viajado por Bani Walid depois de fugirem de Trípoli. Segundo alguns relatos, alguns membros da família do ex-líder ainda estariam na cidade.
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A eventual queda de Bani Walid, um dos vértices do triângulo da resistência junto a Sebha e Sirte, berço do ditador, é considerada pelo comando militar rebelde como o ponto de inflexão definitivo para o fim do conflito armado.
Outras cidades
Enquanto isso, em Sebha, a 750 quilômetros ao sul de Trípoli, ainda há choques entre os revolucionários e brigadas militares do antigo regime. Ahmad Omar Bani, porta-voz rebelde, indicou que dentro dessa cidade “há pessoas com cidadania líbia que não são originárias da Líbia e que se uniram às brigadas de Kadafi”.
Em declarações à Al Jazeera, um membro da Comissão de Informação de Sebha, Abdel Hakim Mohammed, disse que a OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) bombardeou nos últimos dois dias posições militares nessa localidade e que o ditador ou um de seus filhos poderiam ter entrado nela nos últimos dias.
Sobre a situação em Sirte, Bani revelou que ali sim há conversas com os líderes tribais para conseguir uma rendição antes do próximo sábado, prazo dado pelo Conselho Nacional de Transição (CNT), máxima autoridade rebelde. “A única garantia que o CNT oferece aos fiéis a Kadafi que lutam em Sirte e que tenham as mãos manchadas de sangue é que terão um julgamento justo”, destacou o porta-voz militar.
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Em relação à região de Yifra, Bani explicou que ali há seis localidades onde os fiéis a Kadafi estão resistindo, como o município de Hun, “rodeado pelas forças do ditador, embora seus habitantes tenham se declarado livres”.
“Assim como em Sukina, ocupada pelas forças do ditador que fugiram de Misrata e Mafusa”, acrescentou o representante rebelde, que se mostrou convencido que “em uma semana essas regiões estarão livres”.
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