A Comissão Interclubes Militares, que reúne o Clube Militar, o Clube Naval e o Clube da Aeronáutica, emitiu uma nota nesta sexta-feira (22) na qual comenta a prisão de militares pela Polícia Federal na última terça-feira (19) no escopo da Operação Contragolpe, que investiga a participação de militares em um plano para assassinar o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva e o vice-presidente, Geraldo Alckmin.
Para os clubes, que representam os militares das três Forças e que são formados por militares aposentados e da reserva, as acusações que pesam sobre os oficiais, “se confirmadas, são incompatíveis com os valores que norteiam os integrantes das Forças Armadas.”
A nota, no entanto, também diz que é “inquietante a escolha de datas emblemáticas para divulgar informações que comprometem a imagem das Forças Armadas, buscando associar a instituição a atos isolados. Um exemplo significativo ocorreu em 19 de abril do ano passado, Dia do Exército Brasileiro, quando o Presidente da República participou da cerimônia comemorativa no Quartel-General do Exército. Ao cobrir o evento, parcela da mídia noticiou, também, a prisão de um oficial superior, que poderia ter sido realizada em qualquer outra data.”
A coincidência das datas, para os clubes, indica que “há um esforço deliberado e coordenado para comprometer a imagem das Forças Armadas junto à população. Por meio de abordagens distorcidas, são disseminadas narrativas que vilipendiam, injustamente, uma instituição que tem historicamente demonstrado compromisso com a estabilidade e a integridade do país. Concomitantemente, essas ações desviam o foco das responsabilidades daqueles que, em tese, deveriam dedicar-se a buscar soluções concretas para promover melhorias reais na vida do povo brasileiro.”
Ainda segundo a nota, “o sensacionalismo em torno da prisão dos acusados, aliado à divulgação seletiva de informações e às declarações precipitadas de autoridades que deveriam agir com discrição, lança sobre as Forças Armadas uma sombra que não lhe pertence.”
A nota, assinada pelos presidentes dos três clubes militares – João Afonso Prado Maia, do Clube Naval; Sérgio Tavares Carneiro, do Clube Militar; e Marco Antonio Carballo Perez, do Clube da Aeronáutica – parece se limitar às operações da PF realizadas no último dia 19, abdicando de comentar a divulgação do relatório final da investigação que pediu o indiciamento de 37 pessoas pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa na última quinta-feira (21). Os presos no dia 19 são os tenente-coronéis Rodrigo Bezerra de Azevedo e Rafael Martins de Oliveira, do Comando de Operações Especiais, o tenente-coronel Hélio Ferreira e o general de brigada Mário Fernandes, da reserva. Ele foi da Secretaria-Geral da Presidência da República no governo Bolsonaro e, no último ano, passou a trabalhar no gabinete do deputado federal e ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello. Além disso, foi preso também o policial federal Vladimir Matos Soares, que teria fornecido informações sobre a segurança de Lula no bojo do plano para assassinar o presidente, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro do STF, Alexandre de Moraes.
Já o indiciamento da PF inclui 25 militares na lista de 37 alvos. Dentre eles, há 7 generais, quatro deles com passagens pelo Alto-Comando, e um almirante e ex-comandante da Marinha, Almir Garnier.
Leia a nota completa dos clubes militares:
“Entre Crises e Narrativas: A Defesa dos Valores Militares”
Rio de Janeiro, 22 de novembro de 2024
Em meio aos recentes acontecimentos que abalaram o País, nesta simbólica data de 19 de novembro, Dia da Bandeira — tão significativa para os brasileiros —, os noticiários destacaram a prisão de um oficial-general e quatro oficiais superiores do Exército. Eles são investigados por uma suposta tentativa de atentado contra o Presidente da República, o Vice-presidente e um ministro do Supremo Tribunal Federal. Dada a gravidade do caso, espera-se que haja uma investigação ágil, imparcial e rigorosa dos fatos.
É imperativo, também, o indispensável repúdio imediato e veemente às palavras e às atitudes dos acusados. Se confirmadas, são incompatíveis com os valores que norteiam os integrantes das Forças Armadas. Tais condutas afrontam princípios fundamentais como honra, lealdade e disciplina. Não são dignas de quem fez o solene juramento de defender a soberania nacional, a Constituição e, em última instância, morrer pelo Brasil.
O País atravessa uma crise profunda, que também impacta suas Forças Armadas, frequentemente arrastadas para o centro de disputas políticas em escalada. Essa situação decorre da falta de patriotismo, sensibilidade e responsabilidade por parte de lideranças políticas e autoridades constituídas. É válido questionar, em meio a esse cenário, se determinadas ações não visam, de forma insidiosa, enfraquecer a democracia, minar seus valores essenciais e restringir as liberdades individuais que sustentam a ordem social.
Por outro lado, é inquietante observar a escolha de datas emblemáticas para divulgar informações que comprometem a imagem das Forças Armadas, buscando associar a instituição a atos isolados. Um exemplo significativo ocorreu em 19 de abril do ano passado, Dia do Exército Brasileiro, quando o Presidente da República participou da cerimônia comemorativa no Quartel-General do Exército. Ao cobrir o evento, parcela da mídia noticiou, também, a prisão de um oficial superior, que poderia ter sido realizada em qualquer outra data.
Parece que há um esforço deliberado e coordenado para comprometer a imagem das Forças Armadas junto à população. Por meio de abordagens distorcidas, são disseminadas narrativas que vilipendiam, injustamente, uma instituição que tem historicamente demonstrado compromisso com a estabilidade e a integridade do país. Concomitantemente, essas ações desviam o foco das responsabilidades daqueles que, em tese, deveriam dedicar-se a buscar soluções concretas para promover melhorias reais na vida do povo brasileiro.
O sensacionalismo em torno da prisão dos acusados, aliado à divulgação seletiva de informações e às declarações precipitadas de autoridades que deveriam agir com discrição, lança sobre as Forças Armadas uma sombra que não lhe pertence.
Diante disso, o Clube Naval, o Clube Militar e o Clube de Aeronáutica reafirmam sua dedicação aos princípios que orientam as Forças Armadas: o serviço à Nação e à defesa da paz e do bem comum. Convocam os brasileiros a se unirem em torno desses valores e exortam lideranças legítimas a promoverem a pacificação nacional e o respeito às Forças Armadas. Em tempos difíceis, alertam que a democracia e a estabilidade exigem vigilância constante e engajamento coletivo.
A honra e os valores das Forças Armadas permanecem acima de condenáveis ações isoladas ou narrativas oportunistas, simbolizando sua lealdade inabalável à Nação!