Colômbia adere Nova Rota da Seda e defende aprofundar relação com Pequim
Discurso do presidente Gustavo Petro teve indireta aos EUA, ao afirmar que acordos com a China visam ‘cooperação mais livre e sem autoritarismos’
O discurso do presidente da Colômbia, Gustavo Petro, foi um dos mais marcantes da jornada desta terça-feira (13/05), na cúpula que reúne o presidente da China, Xi Jinping, e os chefes de Estado da Comunidade dos Estados Latino-Americano e Caribenhos (CELAC), evento realizado em Pequim.
Em sua apresentação, Petro confirmou a adesão da Colômbia à iniciativa chinesa de Nova Rota da Seda, afirmando que seu país tem “um mundo inteiro por ganhar, um mundo inteiro com quem dialogar, e buscar uma cooperação mais livre e sem autoritarismos”.
A parte em que Petro fala de relações comerciais “sem autoritarismos” foi interpretada por alguns meios colombianos como uma mensagem indireta aos Estados Unidos e sua recente política de guerra comercial.
O evento também contou com a participação do presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva.
Diálogo, em vez de choque
O líder colombiano propôs uma transformação no modelo de relações internacionais, defendendo um “diálogo entre civilizações” e o reconhecimento da “importância do multilateralismo para as nações que estão em desenvolvimento”.
“Precisamos de uma América na qual o principal objetivo das políticas e dos acordos entre os países não seja o de expulsar migrantes, mas sim o de tornar realidade o nosso potencial de produção de energia limpa e o desenvolvimento das nossas infraestruturas para benefício não somente do comércio entre os nossos empresários, mas também para que ele seja desfrutado pelos nossos cidadãos”, comentou o presidente.

Governo da Colômbia
Petro também disse que “o multilateralismo é o único modelo que poderá permitir à Europa conquistar a sua independência (dos Estados Unidos), e permitir que os povos eslavos falem diretamente uns com os outros, que em Gaza sejam despejados alimentos em vez de bombas, e que o principal objetivo da humanidade hoje não seja a guerra, mas sim a descarbonização da economia, em favor da vida”.
O próprio mandatário colombiano enfatizou que usou o termo “diálogo de civilizações” como oposição ao conceito de “choque de civilizações”, defendido pelo já falecido cientista político norte-americano Samuel Huntington.
Segundo Petro, abordagem do teórico estadunidense “alimentou conflitos e xenofobia”, que ele disse considerar “diferente de uma visão integrativa, que prioriza a defesa da vida e promove a cooperação internacional baseada na equidade, na diversidade cultural e na solidariedade entre os povos, que é o que queremos promover”.
Descarbonização
A transição energética foi outro ponto importante do discurso de Petro, que destacou o papel estratégico da América do Sul e da África no processo global de descarbonização, e pediu que os investimentos fossem canalizados para essas regiões.
“Eles têm o potencial de se tornarem epicentros dessa transformação energética”, disse o presidente da Colômbia, em seu discurso.
Com informações de TeleSur.
