O Comitê Nacional de Paralisação (CNP) da Colômbia, que reúne cerca de 30 organizações sindicais e sociais, realizou nesta terça-feira (28/09) uma nova jornada de mobilizações no país contras as medidas neoliberais do governo de Iván Duque.
Protestos na capital Bogotá e outras regiões colombianas exigiam que o Congresso discuta dez projetos de lei, elaborados pelo CNP, e apresentados na Casa Legislativa pela bancada da oposição. Assim como, repudiar a aprovação de uma nova lei da reforma tributária elaborada pelo governo, denominada de Lei de Investimento Social.
O dia incluiu marchas e protestos em várias partes de Bogotá, mas também comícios em Barranquilla, Cali, Medellín, Cúcuta e Cartagena, entre outras cidades. De acordo com informações de autoridades de segurança colombiana, 31 pessoas ficaram feridas e 22 foram detidas.
Na capital, uma das atividades centrais dos protestos foi um “abraço” no entorno do Palácio da Justiça, em frente à praça central Bolívar. O prefeito interino de Bogotá, Luis Ernesto Gómez, destacou que a capital contava com equipe para “acompanhar” os participantes das mobilizações, mas disse que a força pública seria utilizada em caso de distúrbios da ordem pública.
Em Medellín, a marcha se deslocou do Parque dos Desejos ao Parque das Luzes, onde ocorreram atividades culturais. Na região de Cali houve nove pontos de encontro para marchar em direção ao Hospital Universitário del Valle.
Congreso de Los Pueblos/Twitter
O grupo Congresso dos Povos denuncia detenção de seu líder e porta-voz Jimmy Moreno nas manifestações desta terça
Cúcuta também registrou uma caminhada do Parque Colsag até a sede local do Ministério do Trabalho. Em seguida, manifestantes se deslocaram ao centro da cidade.
Jimmy Moreno, porta-voz nacional do Conselho dos Povos e membro do CNP, foi detido em Popayán. “A perseguição política contra Moreno foi sistemática em todos os anos em que ele defendeu uma vida digna”, alertou a organização no Twitter.
De acordo com a imprensa colombiana, as mobilizações transcorreram de forma pacífica na maioria das cidades. Em Usme, no entanto, nas proximidades da Ponte da Dignidade, a polícia confrontou manifestantes da “primeira linha”.
A procuradora geral da Nação, Margarita Cabello, apelou a todos os atores para que respeitem “a vida, a integridade e o patrimônio público”.
“A Procuradoria Geral da Nação reconhece o protesto pacífico como um mecanismo legal e constitucional que também tem deveres, por isso é essencial que o objetivo de manifestar pela paz e cumprir todas as disposições seja cumprido”, afirmou Cabello.
Organizações de direitos humanos relatam pelo menos 80 mortes nas mobilizações de abril a junho, e o governo da Colômbia recebeu denúncias sobre o assunto da União Europeia, da Comissão Interamericana de Direitos Humanos e da ONU.
Coletivos feministas também compuseram o ato com um chamado pelo aborto legal, seguro e gratuito, como reivindicação ao Tribunal Constitucional para descriminalizar a prática. O dia também foi projetado para comemorar os cinco meses desde que teve início a greve nacional que durou dois meses contra o presidente Duque.
(*) Com Telám.