Após novo adiamento das eleições legislativas e municipais no Haiti, previstas para ocorrerem no domingo (26/10) e que vêm sendo adiadas há três anos, a população haitiana saiu às ruas para protestar contra a não realização do pleito.
O presidente do país, Michel Martelly, garantiu, no entanto, que continuará com as consultas com diferentes setores para realizar a votação “no menor tempo possível”. Diversos setores do país vinham alertando sobre a impossibilidade de realizar as eleições neste domingo (26/10) porque a lei eleitoral está bloqueada no Senado, há 200 dias, por diferenças políticas entre governo e oposição.
Mais eleições na América do Sul:
Veículos internacionais destacam vitória de Dilma Rousseff nas eleições de domingo
Uruguai rejeita redução de maioridade penal e terá segundo turno entre Vázquez e Lacalle Pou
Flickr/ CC/ Jovan Julien
País tenta se recuperar financeira e politicamente há 10 anos, após golpe que derrubou o então presidente Jean-Bertrand Aristide
O pleito fora convocado pelo mandatário em junho. Tanto a ONU (Organização das Nações Unidas), como o governo dos Estados Unidos têm ressaltado a necessidade de que o processo seja conduzido antes que o Parlamento seja dissolvido, o que acontecerá em janeiro de 2015.
Desde 2010 o país não promove eleições locais e municipais e a votação para o Senado está atrasada desde 2011. Os mandatos de um terço dos senadores expiraram em maio de 2012 e em janeiro de 2015, um segundo terço dos senadores e deputados ficarão sem cargos. O mandato presidencial se encerra em 2016.
Leia mais: ONU renova mandato da Minustah no Haiti, apesar dos protestos de movimentos sociais
Em entrevista à Associated Press, o primeiro-ministro, Laurent Lamothe, disse que a situação eleitoral é “vergonhosa” para o país. Ele culpou “seis senadores extremistas” da oposição por não viabilizar a lei eleitoral para garantir a realização da consulta e ressaltou que Martelly será “forçado” a convocar eleições no começo de 2015.
NULL
NULL
Os senadores em questão negam que estejam travando o processo e garantem que estão defendendo a Constituição. A oposição também acusa Martelly de querer governar por decreto.
Leia mais: Oportunidade de trabalho e “propaganda solidária” da Minustah atraíram haitianos para o Brasil
Protestos
Diante deste cenário, vêm sendo constantes as manifestações de descontentamento e até pedidos de impeachment do presidente Martelly. Neste domingo (26/10), milhares de pessoas se manifestaram na capital Porto Príncipe e em diversas outras localidades.
Eles portavam as cédulas de votação e carregavam cartazes com desenho dos óculos do ex-presidente Jean-Bertrand Aristide, mantido em prisão domiciliar enquanto espera que um juiz investigue as denúncias de corrupção que pesam contra ele. como relatou a AP.
Leia mais: Haiti no Glicério: o cotidiano da diáspora haitiana no centro de São Paulo
“Nós viemos aqui para votar, mas não há locais de votação”, disse à agência Wilson Paulo, de 65 anos, desempregado.
O senador Moise Jean-Charles, um dos seis “extremistas” mencionado por Lamothe, disse à AP que “nós estamos indo votar contra Martelly nas ruas hoje”.
Dois ativistas opositores que convocaram o protesto foram detidos pela polícia por “agitação pública e incitação à violência”.