O maior exercício democrático do mundo começa hoje (16). Mais de 700 milhões de pessoas na Índia estão aptas a votar numa eleição de cinco fases que vai definir o primeiro-ministro e a formação do parlamento. O vencedor vai tomar as rédeas do país num momento em que a economia está desacelerando, pela primeira vez em uma década.
A coligação governista, liderada pelo Partido do Congresso, após surpreendente vitória nas eleições de 2004, enfrenta a principal força de oposição, o Bharatiya Janata Party (BJP), nacionalista hindu, e uma terceira frente, de comunistas e partidos regionais. O equilíbrio é grande demais para se arriscar um resultado, mas a maior parte dos observadores espera um parlamento altamente fragmentado, que poderia levar a uma coalizão governamental frágil, com um grande número de pequenos partidos ocupando mais da metade das 543 cadeiras.
Militar patrulha colégio eleitoral na véspera da eleição em Varanasi; crédito: Harish Tyagi/EFE
“O Partido do Congresso ainda é o favorito, mas como líder da coalizão, está mais fraco que antes”, disse ao Opera Mundi Gareth Price, maior especialista em Índia do conceituado instituto Chatham House, em Londres. “Um governo fraco levaria a um ritmo mais lento na introdução de reformas econômicas e menos foco em questões globais como o G-20, gastando mais tempo na gestão da coalizão governamental”.
Menos de dois dólares por dia
O BJP tem tentado explorar o tema da segurança nacional, com foco nos atentados do ano passado na capital econômica do país, Mumbai. Mas pesquisas indicam que questões como pobreza, economia e dívida dos agricultores interessam mais à população – o que não surpreende num país onde cerca de 80% da população, de 1,2 bilhão de habitantes, vive com menos de dois dólares por dia. Isso pode favorecer ligeiramente os governistas, dado que o crescimento econômico nos últimos cinco anos foi em média superior a 8% ao ano.
A primeira fase da votação será realizada no norte e leste da Índia, incluindo áreas afetadas por conflitos violentos envolvendo rebeldes tribais, maoístas e mulçumanos. Somente ontem, pelo menos dez soldados paramilitares foram mortos por dezenas de rebeldes maoístas no leste do estado de Orissa, quando estes atacaram uma mina de bauxita para roubar explosivos. Mais de dois milhões de seguranças serão acionados para prevenir grandes surtos de violência até o final da eleição, dentro de quase um mês, em 13 de maio.
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