A OEA (Organização dos Estados Americanos), os Estados Unidos e o Brasil, entre outros atores da comunidade internacional, condenaram o golpe de Estado em Honduras e pediram a volta imediata de Manuel Zelaya à presidência.
Resolução da OEA aprovada por unanimidade condena “energicamente” o golpe e exige o retorno “imediato, seguro e incondicional” de Zelaya ao poder e programa uma sessão extraordinária de sua Assembleia Geral para amanhã para estudar os próximos passos a seguir.
Apoiadores de Manuel Zelaya atacam banca de jornal com o nome do Diário El Heraldo, opositor ao governo. Um fotojornalista do jornal foi atacado – veja aqui. A redação do jornal La Prensa foi cercada ontem por manifestantes, mas não houve ocorrências – Foto: Libertad de Expresión http://www.flickr.com/photos/hablaguate/
O presidente Lula reforçou a posição do governo brasileiro exposta ontem (28), de repúdio ao golpe. “Não podemos aceitar que alguém veja uma saída para os problemas de seu país à margem da democracia e das eleições livres e diretas”, por isso Zelaya “deve retornar à Presidência”, declarou Lula.
O retorno de Zelaya “é a única condição para que possam ser restabelecidas as relações com Honduras”, disse Lula em seu programa de rádio semanal, sem chegar a esclarecer se seu governo suspendeu ou cortou relações diplomáticas com Honduras.
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Nicarágua
Hoje (29) Zelaya chegou à Manágua em um avião enviado pelo governo venezuelano. Na capital da Nicarágua serão realizadas reuniões de emergências da Alba (Aliança Bolivariana para as Américas) do Sistema da Integração Centro-Americana (Sica) e do Grupo do Rio para tratar sobre a crise em Honduras.
Ele foi recebido na cidade com aplausos, vivas e abraços dos presidentes Hugo Chávez, da Venezuela; Rafael Correa, do Equador e o anfitrião da Nicarágua, Daniel Ortega. Também o recebeu o chanceler de Cuba, Bruno Rodríguez, representando o presidente, Raúl Castro.
Chegada de Zelaya a Manágua:
“Estou vivo por uma graça de Deus, honestamente o digo”, disse Zelaya durante a inauguração da cúpula extraordinária da Alba. “Houve um momento em que as rajadas das metralhadoras que estavam sendo disparadas em nossa frente eram tão fortes, e era tanta a violência e brutalidade com que mais de 200 elementos (militares) invadiram minha casa no começo da manhã deste domingo”, narrou.
Zelaya contou como um grupo de militares encapuzados, armados e protegidos com coletes o ameaçaram.”Diziam-me: se não soltar o celular, atiramos. Solte o celular senhor, e todos apontando para minha cara e meu peito”, prosseguiu.
“Vieram me deixar no aeroporto da Costa Rica sem avisar absolutamente nada. Reportaram quando estavam chegando que vinha o presidente de Honduras e queriam que alguém os recebesse”, seguiu. Segundo Zelaya, foi recebido pelo chefe de protocolo da Costa Rica, depois que três soldados hondurenhos lhe abriram a porta do avião em que foi trasladado.
Obama
Poucas horas após a confirmação do golpe de Estado, o presidente Barack Obama se apressou em condenar a ação. E hoje, reforçou que está “muito preocupado” com a destituição e exílio de Manuel Zelaya, de acordo com a Casa Branca.
Obama se encontra hoje em Washington com o presidente colombiano Álvaro Uribe e o tema de Honduras deve monopolizar a reunião.
Ontem a secretária de Estado, Hillary Clinton, falou sobre os acontecimentos em Honduras. “Pedimos a todas as partes em Honduras para que respeitem a ordem constitucional e o império da lei, reafirmem sua vocação democrática e se comprometam a resolver as disputas políticas pacificamente e por meio do diálogo”, disse Hillary em comunicado.
Funcionários de alto escalão dos Estados Unidos mantiveram contato com militares em Honduras para mitigar a crise, de acordo com a agência EFE.
“Estivemos em contato com as instituições hondurenhas, incluindo as Forças Armadas”, disse um funcionário, que pediu anonimato. Todavia, a comunicação diminuiu ao longo do dia “No começo atendiam às chamadas, mas agora pararam”.
Os Estados Unidos tem um destacamento militar em Honduras, a cerca de 80 quilômetros de Tegucigalpa, que treina o Exército hondurenho, assim como presta assistência em operações contra o narcotráfico, operações de busca e resgate, e ajuda em desastres naturais na América Central.
Toque de recolher
O novo presidente de Honduras, Roberto Micheletti, anunciou ontem um toque de recolher de pelo menos 48 horas a fim de que o país recupere a tranquilidade.
O toque de recolher será vigente das 21h às 6h (de 0h a 9h de Brasília), disse Micheletti em entrevista coletiva. Ele afirmou que analisará se a medida, que deve ser ratificada pelo Parlamento, vai se estender por mais tempo.
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