Conaie segue em greve no Equador após governo Noboa tentar ‘dividir’ movimento indígena
Autoridades anunciaram acordo com apenas um setor das Confederação de Nacionalidades Indígenas, que rechaçou tentativa de segmentar movimento e seguiu protestando
A Confederação de Nacionalidades Indígenas do Equador segue em greve nesta sexta-feira (17/10), contrariando o anúncio do governo sobre a conclusão de acordos com comunidades da província de Imbabura para pôr fim à revolta.
Os líderes da CONAIE afirmam que continuam resistindo após apenas uma parte do movimento ter sido convocada para a mesa de diálogo com o governo, segundo seu comunicado anunciado na quarta-feira (16/10).
Diante da continuidade dos protestos, o movimento apelou “à calma e à unidade orgânica do movimento indígena do Equador”, referindo-se à aproximação que o governo equatoriano teve em relação à liderança indígena em Imbabura, mas não com o movimento da Conaie como um todo.
“A força do movimento indígena sempre foi sua estrutura organizacional, coesão interna e liderança coletiva. Nos momentos mais difíceis, a unidade tem sido nossa maior ferramenta para resistir e avançar como povos e nacionalidades”, instou a Conaie.
Apesar de “respeitar e apoiar as ações territoriais legítimas e as decisões adotadas pelas estruturas locais”, a confederação pediu que as bases “não se deixem provocar nem dividir”.
“Reiteramos que somente com a unidade e a força do tecido organizativo, desde as bases até a estrutura nacional e vice-versa, poderemos defender nossos direitos e sustentar a luta por um país justo, plurinacional e digno”, concluiu o comunicado.
Diante da continuidade da paralisação, comunidades indígenas mobilizadas na província de Saraguro enfrentam repressão e militarização em seu território, também nesta sexta-feira (17/10), segundo a Conaie.
A repressão ocorre devido à presença de um comboio militar e policial em Ilincho Ayllullakta e Chukidel Ayllullakta, afirmou o movimento indígena.
⭕ #ALERTA | Las comunidades que se mantienen en resistencia en #Saraguro enfrentan la militarización de sus territorios por la presencia de un convoy militar y policial en Ilincho Ayllullakta y Chukidel Ayllullakta. #Conaie #ParoNacional2025 pic.twitter.com/MWzn6ozSO8
— CONAIE (@CONAIE_Ecuador) October 17, 2025
Ercilia Castañeda, vice-presidente da Conaie, chamou o governo do presidente Daniel Noboa de “mentiroso” em uma entrevista à Rádio Pichincha.

Mobilização nacional promovida pela Conaie se contrapõe às medidas neoliberais do presidente do país, Daniel Noboa
Conaie/X
Castañeda afirmou que os líderes da Conaie não foram autorizados a participar do diálogo entre representantes do Poder Executivo e os indígenas de Imbabura.
“O que o Governo Nacional tentou foi dividir o movimento indígena”, enfatizou.
Repressão
A crise se intensificou após a morte de José Guamán, atingido por disparos durante a repressão em Imbabura. De acordo com a Aliança de Organizações de Direitos Humanos, ocorreram 367 casos de violações de direitos durante a repressão de Noboa aos protestos.
O grupo afirmou que, até o momento, 295 pessoas ficaram feridas e duas morreram na província de Imbabura devido ao impacto do projétil: Efraín Fuerez e José Guamán.
A Aliança alertou que 15 pessoas estão temporariamente desaparecidas, o que significa que elas “não foram colocadas sob ordens de uma autoridade competente nem foram levadas para instalações autorizadas”.
O monitoramento indica que houve 205 prisões até agora, embora a polícia tenha registrado 118, pelas quais exigiu “transparência e responsabilização imediatas”.
Entre as violações registradas estão o direito de protesto e resistência, o direito à integridade pessoal, a liberdade de expressão e o direito às crianças, entre outros.
Por que a Conaie protesta?
A mobilização nacional promovida pela Conaie se contrapõe às medidas neoliberais de Noboa, evidenciando a insatisfação popular e a crescente tensão entre o Estado e os movimentos sociais.
Liderados pela Conaie, cidadãos de todo o país, principalmente do norte do país, foram às ruas para protestar contra essa medida, que aumentou os preços dos combustíveis, e outras decisões executivas.
Um dos principais motivos é o aumento do preço dos combustíveis no país, motivo que já havia provocado uma grande mobilização durante os governos dos ex-presidentes Lenín Moreno e Guillermo Lasso, em 2019 e 2022.
Já a administração Noboa permanece firme em sua decisão sobre o diesel, e as autoridades sustentam que o assunto é de competência do judiciário. Por outro lado, a ministra do Governo, Zaida Rovira, afirmou na quinta-feira (16/40) mesas de diálogo técnico serão montadas na próxima segunda-feira (20/10) porque os indígenas têm “reivindicações justas” que devem ser atendidas “imediatamente”.
(*) Com Brasil247, Brasil de Fato e informações de La Hora























