Sexta-feira, 14 de novembro de 2025
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A Confederação de Nacionalidades Indígenas do Equador segue em greve nesta sexta-feira (17/10), contrariando o anúncio do governo sobre a conclusão de acordos com comunidades da província de Imbabura para pôr fim à revolta.

Os líderes da CONAIE afirmam que continuam resistindo após apenas uma parte do movimento ter sido convocada para a mesa de diálogo com o governo, segundo seu comunicado anunciado na quarta-feira (16/10).

Diante da continuidade dos protestos, o movimento apelou “à calma e à unidade orgânica do movimento indígena do Equador”, referindo-se à aproximação que o governo equatoriano teve em relação à liderança indígena em Imbabura, mas não com o movimento da Conaie como um todo.

“A força do movimento indígena sempre foi sua estrutura organizacional, coesão interna e liderança coletiva. Nos momentos mais difíceis, a unidade tem sido nossa maior ferramenta para resistir e avançar como povos e nacionalidades”, instou a Conaie.

Apesar de “respeitar e apoiar as ações territoriais legítimas e as decisões adotadas pelas estruturas locais”, a confederação pediu que as bases “não se deixem provocar nem dividir”.

“Reiteramos que somente com a unidade e a força do tecido organizativo, desde as bases até a estrutura nacional e vice-versa, poderemos defender nossos direitos e sustentar a luta por um país justo, plurinacional e digno”, concluiu o comunicado.

Diante da continuidade da paralisação, comunidades indígenas mobilizadas na província de Saraguro enfrentam repressão e militarização em seu território, também nesta sexta-feira (17/10), segundo a Conaie.

A repressão ocorre devido à presença de um comboio militar e policial em Ilincho Ayllullakta e Chukidel Ayllullakta, afirmou o movimento indígena.

Ercilia Castañeda, vice-presidente da Conaie, chamou o governo do presidente Daniel Noboa de “mentiroso” em uma entrevista à Rádio Pichincha.

Mobilização nacional promovida pela Conaie se contrapõe às medidas neoliberais do presidente do país, Daniel Noboa
Conaie/X

Castañeda afirmou que os líderes da Conaie não foram autorizados a participar do diálogo entre representantes do Poder Executivo e os indígenas de Imbabura.

“O que o Governo Nacional tentou foi dividir o movimento indígena”, enfatizou.

Repressão

A crise se intensificou após a morte de José Guamán, atingido por disparos durante a repressão em Imbabura. De acordo com a Aliança de Organizações de Direitos Humanos, ocorreram 367 casos de violações de direitos durante a repressão de Noboa aos protestos.

O grupo afirmou que, até o momento, 295 pessoas ficaram feridas e duas morreram na província de Imbabura devido ao impacto do projétil: Efraín Fuerez e José Guamán.

A Aliança alertou que 15 pessoas estão temporariamente desaparecidas, o que significa que elas “não foram colocadas sob ordens de uma autoridade competente nem foram levadas para instalações autorizadas”.

O monitoramento indica que houve 205 prisões até agora, embora a polícia tenha registrado 118, pelas quais exigiu “transparência e responsabilização imediatas”.

Entre as violações registradas estão o direito de protesto e resistência, o direito à integridade pessoal, a liberdade de expressão e o direito às crianças, entre outros.

Por que a Conaie protesta?

A mobilização nacional promovida pela Conaie se contrapõe às medidas neoliberais de Noboa, evidenciando a insatisfação popular e a crescente tensão entre o Estado e os movimentos sociais.

Liderados pela Conaie, cidadãos de todo o país, principalmente do norte do país, foram às ruas para protestar contra essa medida, que aumentou os preços dos combustíveis, e outras decisões executivas.

Um dos principais motivos é o aumento do preço dos combustíveis no país, motivo que já havia provocado uma grande mobilização durante os governos dos ex-presidentes Lenín Moreno e Guillermo Lasso, em 2019 e 2022.

Já a administração Noboa permanece firme em sua decisão sobre o diesel, e as autoridades sustentam que o assunto é de competência do judiciário. Por outro lado, a ministra do Governo, Zaida Rovira, afirmou na quinta-feira (16/40) mesas de diálogo técnico serão montadas na próxima segunda-feira (20/10) porque os indígenas têm “reivindicações justas” que devem ser atendidas “imediatamente”.

(*) Com Brasil247, Brasil de Fato e informações de La Hora