Segunda-feira, 21 de abril de 2025
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A República Democrática do Congo apresentou queixas criminais contra as subsidiárias da Apple na França e Bélgica. A informação é da agência de notícias Reuters.

O país acusa ambas filiais de usarem minerais “sujos de sangue”, produzidos por grupos armados que aumentaram a violência no país desde os anos 90.

Em processos separados, o Congo também acusa as duas subsidiárias de acobertamento de crimes de guerra, lavagem de metais contaminados, manuseio de bens roubados e práticas comerciais enganosas para que suas cadeias de suprimentos pareçam limpas.

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O território congolês tem grandes reservas de três minerais essenciais para computadores e celulares: tungstênio, estanho e tântalo.

Mas muitas das minas que produzem esses minérios no país são administradas por grupos armados envolvidos em massacres de civis, saques e estupros em massa.

Ao mesmo tempo, se acumulam indícios de que parte dos minerais dessas áreas de conflito estava sendo contrabandeada para abastecer fabricantes de computadores e celulares.

As rotas do contrabando eram através da Ruanda, Uganda e Burundi.

É o que denunciam, há anos, especialistas da Organização das Nações Unidas (ONU) e grupos de direitos humanos. 

O Congo contratou então o escritório internacional de advocacia Amsterdam & Partners LLP para investigar e coletar provas.

logo da Apple
Flickr / jaydrogers
Longa investigação

Os advogados conseguiram diversas evidências de denunciantes e pediram à Apple informações sobre sua cadeia de suprimentos.

Como a empresa não respondeu a priori, veio a queixa criminal contra as duas subsidiárias.

Depois, a resposta da Apple informou que não produz minerais primários, mas que audita seus fornecedores, divulga os resultados das auditorias e financia órgãos que se dedicam a melhorar a rastreabilidade.

Seu relatório de 2023 sobre “metais de conflito”, apresentado à Comissão de Valores Mobiliários dos EUA, nega as acusações.

O documento afirma que, em sua cadeia de fornecedores, nenhuma das fundições ou refinarias desses metais ou de ouro haviam financiado ou beneficiado grupos armados no Congo ou no entorno.

Demitidos auditores que revelaram problemas

Os investigadores da Amsterdam & Partners, entretanto, ouviram algumas pessoas que trabalharam nas auditorias da Apple.

Eles informaram que os funcionários que expressaram a suspeita de que a cadeia de suprimentos incluía “minerais sujos de sangue” tiveram seus contratos rescindidos.

Desde que os advogados enviaram a carta com seus questionamentos à Apple, os conflitos se acirraram no leste do Congo.

Apoiado pela Ruanda, o grupo armado M23 tomou o controle de Rubaya, cidade mineradora que é grande produtora de coltan, outro minério essencial para celulares.