'Consulta popular é uma necessidade da sociedade colombiana', afirma Petro
Em manifestação pró-reforma trabalhista, em Cali, presidente da Colômbia repudiou violência e defendeu jornada de trabalho de oito horas
O presidente da República da Colômbia, Gustavo Petro, reforçou a necessidade de uma consulta popular sobre a reforma trabalhista diante da população de Cali, capital do departamento de Valle del Cauca, como parte da “Grande Concentração pela Paz e pela Democracia”, em defesa do povo como sujeito de direito, a quem chamou de “o dono da constituição nacional e o soberano”.
“Por que a Consulta Popular? É absolutamente necessária, porque, primeiro: contou com o apoio do mundo, intelectual e político; segundo: a OIT (Organização Internacional do Trabalho) apoiou a reforma previdenciária, disse que ela é justa, válida e que seria um progresso para a humanidade; terceiro, porque a Constituição de 91 propôs um Estado Social de Direito”, declarou o chefe de Estado.
A mobilização, ocorrida nesta quarta-feira (11/06), contou com a participação de cidadãos, sindicatos, entidades patronais, representantes de associações de trabalhadores, centrais sindicais, organizações de defesa dos direitos laborais, profissionais da saúde, famílias, comunidades étnicas, afrodescendentes, lideranças femininas e comunitárias, todos em apoio à Consulta Popular e às reformas sociais.
O ato
Durante o ato, o presidente agradeceu o esforço pela liberdade da população do sudoeste do país e homenageou os que perderam a vida. Condenou a violência em Cali e no Valle del Cauca, onde foram registrados cerca de 24 episódios, além de outros que foram evitados pela ação das forças de segurança.

‘Estou propondo que não haja discriminação entre os jovens trabalhadores e o resto da população’, afirmou Petro
Reprodução / Presidência da Colômbia
Ele também mencionou o ataque contra o senador Miguel Uribe Turbay, pedindo um minuto de silêncio em sua homenagem. “Não quero que ninguém morra, trata-se de dialogar”, afirmou Petro. Fez ainda um apelo à paz e à compreensão, criticando o uso político do atentado contra Uribe como estratégia eleitoral.
Gustavo Petro também exortou o senador Efraín Cepeda a lembrar a história do Partido Conservador, defendendo o afastamento do fascismo no país. Reafirmou o direito do povo a uma vida digna, tanto para trabalhadores assalariados quanto para os informais.
Enquanto o plenário do Senado segue debatendo o futuro da reforma trabalhista, o presidente lembrou que, no passado, membros do Partido Conservador adotaram discursos de regimes totalitários, como os de Mussolini e Hitler, contribuindo para um período de repressão e mortes.
Pela jornada de trabalho de oito horas
O presidente defendeu uma jornada de trabalho de oito horas, encerrando-se às 18h; igualdade de condições para a juventude trabalhadora, direito ao contrato formal, um salário digno, valorização do salário mínimo na Colômbia e o direito de todos os trabalhadores do campo à aposentadoria.
“A consulta não é amiga dos assassinos; a desigualdade social sim é amiga dos assassinos, que têm impedido na Colômbia o cumprimento da Constituição desde 1991, que ordena a criação de um Estatuto do Trabalho”, destacou. Alertou que esse estatuto ainda não foi implementado em lei, o que impede a construção de um Estado social de direito com justiça social.
“Não é verdade que a Consulta Popular e a justiça social na Colômbia sejam inimigas da paz e amigas da violência e dos assassinos. Aqueles que propagam essa mensagem, sendo líderes políticos, estão equivocados e inflamando o país, gerando violência. Este presidente foi eleito para fazer a paz e construir justiça social”, afirmou Petro.
Marco Rubio vs. Gustavo Petro
Durante sua fala, o chefe de Estado comentou declarações do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, que responsabilizou nesta quinta-feira o senador norte-americano Marco Rubio pelos recentes atentados na Venezuela e denunciou um plano para derrubar Gustavo Petro.
“Eu também tenho informações e sei que certa pessoa da extrema-direita na Colômbia tem conversado com o secretário de Estado. E também entreguei à procuradora-geral uma gravação em que um dirigente da ultradireita — que não é Uribe — está envolvido com o narcotráfico e está buscando apoio e contatos nos EUA para promover um golpe de Estado na Colômbia”, declarou Petro.