As jornalistas norte-americanas Euna Lee e Laura Ling, detidas em março e condenadas a 12 anos de trabalhos forçados na Coreia do Norte, serão libertadas. A decisão foi anunciada hoje (4) pela agência oficial de notícias, KCNA, após o encontro entre o ex-presidente dos Estados Unidos Bill Clinton e autoridades do país, em Pyongyang.
“Clinton disse expressivas palavras de perdão pelas hostis atitudes cometidas pelas jornalistas contra o país após atravessarem a fronteira”, informou a KCNA, ao anunciar a “grande atitude de perdão” do líder norte-coreano Kim Jong-il.
Clinton viajou a Coreia do Norte para se reunir com Kim Jong-il e com o vice-ministro de Relações Exteriores, Kim Kye Gwan, e trabalhar pela libertação das duas jornalistas. Após a decisão, o ex-presidente esteve também com Euna Lee e Laura Ling.
De acordo com informações da rede de televisão americana ABC, membros da equipe de Clinton acreditam que as jornalistas poderão regressar amanhã mesmo aos Estados Unidos.
As repórteres Laura Ling e Euna Lee, que trabalham para a Current TV, de San Francisco, foram detidas em 17 de março na fronteira da Coreia do Norte com a China, enquanto gravavam imagens para um documentário sobre mulheres refugiadas norte-coreanas. Após um julgamento em Pyongyang, em junho, o principal tribunal norte-coreano as condenou a 12 anos de trabalhos forçados por entrada ilegal em seu território.
Aproximação
A Rádio Pyongyang e a rede de televisão Korean Central Broadcasting Station disseram que Kim ofereceu um jantar a Clinton na residência destinada às visitas oficiais. A viagem ocorre em meio à escalada de tensão diplomática, desde que a Coreia do Norte foi sancionada pela ONU (Organização das Nações Unidas), após o lançamento de um foguete de longo alcance, em abril, e seu segundo teste nuclear, em maio, acompanhado do disparo de novos mísseis de curto alcance. Ainda assim, a KCNA afirmou hoje que a visita de Clinton é um grande passo para a retomada das relações bilaterais.
Recentemente, a Coreia do Norte sugeriu o desejo de manter um diálogo bilateral com os Estados Unidos para negociar sua desnuclearização, em vez da conversa a seis lados (entre Estados Unidos, as duas Coreias, China, Japão e Rússia).
O governo dos Estados Unidos, em comunicado oficial, qualificou de “particular” a missão de Clinton na Coreia do Norte. A Casa Branca se recusou oficialmente a fazer comentários sobre a viagem, alegando que isso poderia colocar em risco o sucesso da missão. O ex-presidente deixa a Coreia do Norte esta noite.
Histórico de negociações
Bill Clinton é o segundo ex-líder americano que viaja à Coreia do Norte com uma missão de mediação. O primeiro foi Jimmy Carter, que fez uma visita ao país em 1994. Naquela ocasião, Carter se reuniu com o então chefe de Estado e fundador do país comunista, Kim Il-sung, e conseguiu reabrir o diálogo sobre o programa nuclear norte-coreano.
Clinton havia previsto uma visita à Coreia do Norte durante seu mandato para normalizar as relações com esse país, considerado inimigo pelos Estados Unidos desde o fim da Guerra da Coreia, em 1953. Essa viagem não chegou a se concretizar, mas a então secretária de Estado americana Madeleine Albright esteve no país, em 2000, e tornou-se a primeira representante de um governo americano a visitar Pyongyang.
Os Estados Unidos e a Coreia do Norte não têm relações diplomáticas.
NULL
NULL
NULL