A Coreia do Norte anunciou nesta sexta-feira (28/02) que levou a cabo exercícios de mísseis no Mar Amarelo, na fronteira com a Coreia do Sul, nesta semana. Já a China realizou recentemente vários outros exercícios militares perto da Austrália e do Vietnã, em atividades classificadas “rotineiras”. Em nenhum dos casos houve invasão das águas territoriais, embora se tenha alimentado tensões, uma vez que as iniciativas foram consideradas demonstrações de força dos dois países.
No caso da Coreia do Norte, o líder do país, Kim Jong Un, explicou seus objetivos por meio de um comunicado publicado pela Agência Central de Notícias da Coreia (KCNA). Segundo ele, os exercícios eram para alertar “os inimigos que estão violando seriamente o ambiente de segurança da República Popular Democrática da Coreia, fomentando e intensificando o ambiente de confronto”.
Jong Un, que presidiu pessoalmente as operações, acrescentou que serviram para mostrar a “prontidão de seus vários meios de operação nuclear”. O governo da Coreia do Sul confirmou que haviam detectado e rastreado os lançamentos.
Duas semanas atrás, durante a Conferência de Munique, o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, e os chanceleres sul-coreano, Cho Tae Yul, e japonês, Iwaya Takeshi, haviam declarado, por meio de uma nota conjunta, que têm como objetivo desnuclearizar Pyongyang. A fala foi repudiada pelo líder norte-coreano, que por sua vez emitiu “forte advertência” e prometeu reforçar seu arsenal nuclear.
Segundo a KCNA, os mísseis nesta semana “atingiram os alvos” com precisão depois de voar por 130 minutos ao longo de quase 1,5 mil quilômetros. Acrescentou ainda que Jong Un se disse satisfeito com os resultados do que classificou de “um exercício responsável de dissuasão de guerra”, e que tais ações são necessárias para “testar continuamente a confiabilidade e a operação dos componentes de sua dissuasão nuclear e demonstrar seu poder”.
Os exercícios configuraram o quarto lançamento de mísseis do tipo este ano, e o segundo desde a posse do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

Kim Jong Un, líder político supremo da Coreia do Norte
Navios de guerra chineses perto da Austrália
Já a, China vem realizando há semanas, exercícios militares no Mar da Tasmânia, perto da Austrália, e no Golfo de Tonkin, perto do Vietnã. Este mês, três navios de guerra se aproximaram das águas australianas e só anunciaram sua intenção de fazer exercícios de disparo quando já haviam começado. Um dos navios era um cruzador com 112 tubos de mísseis.
“Como uma grande potência nesta região, é normal que a China envie seus navios para diferentes partes para vários tipos de atividade”, disse o embaixador da China na Austrália, Xiao Qian.
Dias depois – logo após o Vietnã apresentar reivindicações territoriais sobre o Golfo de Tonkin – os chineses realizaram exercícios com fogo real neste golfo. Já nos céus perto de Taiwan, a presença de aviões militares chineses é quase diária. Especialistas ouvidos pelo New York Times avaliam que, embora breves, esses exercícios são uma eficiente demonstração do alcance militar da China e que devem continuar crescendo.
‘Exercícios são uma sinalização política’
“Em termos puramente militares, essas ações não tem muito significado”, avalia Su Tzuyun, pesquisadora do Instituto for National Defense and Secutity Research de Taiwan. “Mas podem ser vistas como sinalização política”.
Os analistas avaliam que as demonstrações de força são uma resposta aos sinais enviados por Trump. Seu secretário de defesa, Pete Hegsth, solicitou grandes cortes nos gastos militares em outras partes do globo para poder se concentrar em combater a China no Pacífico Ásia. Isso enquanto Trump ameaça a China com mais tarifas e restrições comerciai, além das já estabelecidas por ele, ao mesmo tempo em que diz ter ideias para um grande acordo comercial com o país.
Os navios de guerra chineses navegaram pelo Mar da Tasmânia, perto da Austrália, sem avisarem previamente o governo daquele país de sua missão. E isso ocorreu pouco depois de o principal comandante dos Estados Unidos para a região, almirante Samuel Paparo, ter encerrado sua visita àquele país. Ele justamente viera alertar os australianos que as forças norte-americanas não estavam suficientemente preparadas para o nível militar chinês na região.