A condenação da ONU (Organização das Nações Unidas) emitida ontem (25), repudiando o lançamento de dois mísseis pela Coreia do Norte – além das manifestações individuais de diversos países, como Estados Unidos e até a China, tradicional aliado do regime norte-coreano –, não abalou o país asiático. Hoje (26), dois novos mísseis de curto alcance foram lançados, indo contra a enérgica condenação internacional gerada pelo teste nuclear norte-coreano e o aviso de uma provável resolução do Conselho de Segurança.
Segundo a agência sul-coreana Yonhap, o governo norte-coreano disparou hoje dois mísseis de curta distância no Mar do Leste (Mar do Japão) e está preparando novos lançamentos de projéteis anticruzador KN-01, com um alcance de 160 quilômetros, em sua costa ocidental.
O embaixador sul-coreano nas Nações Unidas Park In-kook, após reunião do Conselho de Segurança. Mensagem de condenação do órgão de nada adiantou – Peter Foley/EFE (25/05/2009)
Um dia depois do teste nuclear que desafiou o mundo – o primeiro desde 2006 –, estimado por Seul entre três e quatro vezes superior às bombas atômicas de Hiroshima e Nagasaki, o regime de Pyongyang lança ameaças de que está disposto à batalha com os “hostis” Estados Unidos.
“Nosso Exército e povo estão em plena preparação para um combate contra qualquer tentativa americana de um ataque preventivo”, afirma o jornal do Partido dos Trabalhadores norte-coreano, citado pela agência estatal “KCNA”.
Reação inédita
O presidente sul-coreano, Lee Myung-bak, disse que esse novo teste atômico gerará uma resposta da comunidade internacional “como nunca se viu”. “Vamos tomar medidas de resposta fortes como nunca se viu, em cooperação com os Estados Unidos e as outras nações que fazem parte do diálogo a seis lados, como Japão, China e Rússia”, disse o presidente sul-coreano.
Tanto Lee quanto o primeiro-ministro japonês, Taro Aso, passaram parte do dia ao telefone – entre outros, com o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama – para pressionar a favor de uma resposta “forte” das Nações Unidas ao teste nuclear norte-coreano, que Tóquio acredita que deve passar por uma resolução “mais rígida” do que as anteriores.
Fontes diplomáticas da ONU citadas pela agência japonesa Kyodo indicaram que os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança (Estados Unidos, Rússia, China, França e Reino Unido), junto com Japão e Coreia do Sul, “chegaram a um acordo de uma nova resolução sobre o teste nuclear da Coreia do Norte”.
Obama – que, segundo alguns especialistas, seria o alvo destes recentes movimentos norte-coreanos, para atraí-lo a negociações bilaterais – concordou com Lee e Aso na necessidade de conseguir uma resposta forte e conjunta da ONU à crise nuclear.
Sanções
Seul acredita que uma medida eficaz seria impedir as exportações e as importações norte-coreanas, para deter seu desenvolvimento nuclear e de seu programa de mísseis, já que a Coreia do Norte importa quase todos os componentes para desenvolver esse armamento.
A ONU debate ampliar as sanções a todas as empresas norte-coreanas envolvidas no desenvolvimento nuclear, já que resoluções anteriores só afetaram três companhias, de uma lista de doze, devido à oposição chinesa.
Sin Son-ho, embaixador da Coréia do Norte na ONU, chega à sede da entidade, em Nova York – Yonhap/EFE (25/05/2009)
Aviso
A Coreia do Norte avisou sobre o teste nuclear da segunda-feira à China e aos Estados Unidos, que o notificaram à Coreia do Sul poucos minutos antes de sua realização, assegurou ontem a imprensa sul-coreana.
Segundo o chefe dos Serviços de Inteligência da Coreia do Sul, Won Sei-hoon, a Coreia do Norte comunicou à China e aos EUA que realizaria seu teste nuclear com 29 minutos e 24 minutos de antecedência, respectivamente. O regime norte-coreano avisou à China às 9h25 locais (22h25 de domingo em Brasília), enquanto os Estados Unidos foram informados cinco minutos mais tarde através dos canais diplomáticos das Nações Unidas.
O regime comunista de Pyongyang disse que realizaria seu segundo teste nuclear se o presidente do Conselho de Segurança da ONU não se desculpasse pela condenação desse organismo ao lançamento de seu foguete de longo alcance do dia 5 de abril, de acordo com as mesmas fontes.
No dia 13 de abril, o Conselho de Segurança condenou o lançamento do foguete norte-coreano, que os Estados Unidos, Japão e Coreia do Sul consideraram um teste do programa de mísseis norte-coreano.
Leia também:
Opinião: o foguete norte-coreano e a crise que não houve
Coreia do Norte lança foguete; Conselho de Segurança se reúne e não chega a consenso
NULL
NULL
NULL