*Atualizado às 17h40
O presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk Yeol, recuou nesta terça-feira (03/12) após tentar impor um decreto de lei marcial que surpreendeu a nação. O anúncio, feito em rede nacional, provocou a mobilização do Exército, que suspendeu liberdades civis e invadiu o prédio da Assembleia Nacional. Em resposta, deputados de oposição lideraram uma reação legislativa contra a medida, forçando o presidente a rever sua decisão.
A legislação restringiria o acesso a direitos civis e substituiria a legislação normal por leis militares desde o momento de seu anúncio, às 23h locais (11h no horário de Brasília), até o momento em que o Parlamento não aprovou a medida, algo que foi seguido de manifestações, convocadas pelo líder da oposição, Lee Jae-myung, que apelou às pessoas para se reunirem em frente ao Parlamento para protestar, denunciando a nova lei marcial como “ilegal”.
Durante a madrugada, período da tarde no Brasil, a multidão seguia em frente a Assembleia Nacional, carregando bandeiras da Coreia do Sul e usando alto falantes para exigir o impeachment de Yoon Suk-yeol e protestar contra a medida.
Segundo o jornal britânico The Guardian, os manifestantes tiveram confrontos com a polícia de Seul, alegando que não estão agindo contra os oficiais, mas sim “para lutar contra Yoon”, em protesto ao presidente sul-coreano. As manifestações foram até às 5h locais (17h no horário de Brasília), quando os protestantes passaram a deixar o local, após celebrar o cancelamento da lei marcial.
A votação foi unânime entre os parlamentares que estavam no plenário e ocorreu em meio a uma tentativa de invasão por parte dos militares no Congresso, uma vez que o presidente nomeou o chefe do Exército da Coreia do Sul, Park An-su, como comandante da lei marcial.
Como uma de suas primeiras medidas, ele também proibiu as atividades dos partidos políticos, incluindo o Parlamento, segundo informou a agência Yonhap.
Além disso, vetou protestos, colocou sob controle todos os meios de comunicação e editores e ordenou que médicos em greve retornem imediatamente ao trabalho dentro de 48 horas – os profissionais sanitários estão paralisados há meses em protesto contra uma reforma governamental.
Após o anúncio, helicópteros pousaram no telhado do Parlamento sul-coreano, que foi fechado. Esta é a primeira vez que um governo da Coreia do Sul decreta a lei marcial desde o fim da ditadura militar no país, na década de 1980.
A atitude surpresa de Yoon ocorreu enquanto o Partido do Poder Popular, no poder em Seul, e a principal força da oposição, o Partido Democrata, discutem no Parlamento, de forma extremamente dura, a proposta orçamentária para 2025.
Apesar da justificativa anunciada pelo presidente da Coreia do Sul, não está claro exatamente quais são as intenções e objetivos dele e não parece que a decisão esteja diretamente relacionada às hostilidades com a Coreia do Norte.
Ainda existe a possibilidade de que a decisão de Yoon seja um movimento para romper um impasse político deflagrado há dois anos. Desde que assumiu o cargo em 2022, ele tem lutado para enfraquecer ou deslegitimizar a oposição, acusada pelo presidente de ter ligação com Pyongyang.
(*) Com Ansa e Brasil247