O presidente do Equador, Rafael Correa, pediu hoje (23) às Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) que revelem se é verídico o vídeo em que Jorge Briceño, conhecido como “Mono Jojoy”, chefe militar da organização, menciona uma ajuda financeira à campanha eleitoral de 2006, e reiterou que seu grupo político, Aliança País, não recebeu nenhuma contribuição ilegal.
Divulgada na semana passada pela AP, uma cópia do vídeo foi enviada pelo governo colombiano à OEA (Organização dos Estados Americanos) para avaliação.
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Em entrevista à rádio Sonorama, Correa também repudiou os métodos utilizados pelas Farc e se disse contra a violência “de onde quer que ela venha”.
O presidente equatoriano pediu publicamente que as Farc “digam se o vídeo é real ou não, que digam se enviaram dinheiro à campanha e quem o mandou”.
“Qualquer pessoa pode se passar por representante de Rafael Correa e enganar as Farc. Eu posso assegurar que, na campanha, não recebi nem 20 centavos de fundos ilegais. Tudo está registrado no Conselho Nacional Eleitoral”.
Correa afirmou que foi “muito cuidadoso” no momento de receber as contribuições, mas lembrou que não se pode descartar a possibilidade de que alguém possa ter enganado as Farc. “Não se pode eliminar que entre as milhares de pessoas que apoiavam a minha campanha e da Aliança País em 2006, alguém talvez tenha pego dinheiro das Farc. Pois digam quem foi”.
Ele ratificou “categoricamente” que “jamais” teve, como presidente ou como governo oficialmente, contato com as Farc. Para ele, o verdadeiro “problema” e “pecado” do Equador é “ser vizinho de um país que vive uma luta fratricida”.
Base militar norte-americana
Em outro momento da entrevista, considerou que é “gravíssimo” e “preocupante” a possibilidade de militares norte-americanos irem a Colômbia após o fim das operações anti-narcotráfico na base de Manta, oeste do Equador.
Nas últimas semanas, a Colômbia passou a negociar com os Estados Unidos a ampliação do convênio militar mantido por ambos os países. As conversas incluem um acordo que permitiria às forças norte-americanas usar as bases colombianas de Malambo, Palanquero e Apiay.
A parceria, com vigência de dez anos, ocasionaria também o aumento de oficiais de Washington no país e um plano de investimentos de até 5 bilhões de dólares.
“Há uma arremetida dos grupos mais reacionário do continente contra os governos progressistas”, afirmou, para depois assegurar que confia no presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, mas que ele “não controla uma sociedade tão complexa como a norte-americana”.
As bases militares na Colômbia, segundo Correa, seriam “um fator de desestabilização para a região “.
As relações diplomáticas entre Colômbia e Equador estão rompidas desde março de 2008, quando a Colômbia atacou um acampamento das Farc em território equatoriano, próximo à fronteira. Na ocasião, foi morto o chefe guerrilheiro Raúl Reyes, então número dois do grupo armado, e outras 25 pessoas.
Em diversas oportunidades, o governo do presidente colombiano, Álvaro Uribe, acusou o Equador de manter vínculos com as Farc.
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