A Corte Eleitoral do Uruguai confirmou na madrugada desta segunda-feira (25/11) o candidato da coalizão de esquerda Frente Ampla (FA), Yamandú Orsi, como o presidente eleito do país com 52%, ou seja, 1.196.798 votos após a votação de segundo turno no último domingo (24/11).
Por sua vez, seu oponente Álvaro Delgado, do direitista Partido Nacional (PN), que representava a continuidade do atual mandatário Luis Lacalle Pou, recebeu 47,92%, 1.101.296 dos votos.
O órgão eleitoral do país começou a apuração das urnas distribuídas nas 7.225 seções de voto em todo o país, que ficaram abertas das 8h30 às 19h30 para que os 2.727.120 eleitores pudesse votar. Por volta da 00h50, a corte confirmou o resultado previsto pelas pesquisas de boca de urna.
O órgão público ainda esclareceu que 38.478 eleitores votaram em branco, 64.500 envelopes com votos foram cancelados por algum motivo, e 35.761 foram observados, totalizando 2.436.833 votos, em cerca de 89% da participação popular no escrutínio.
“Ninguém jamais será deixado para trás do ponto de vista econômico, social e político”, discursou Orsi após sua vitória, no Hotel NH Montevideo Columbia, na capital uruguaia, onde acompanhou a apuração eleitoral.
Orsi afirmou ainda que “o país da liberdade, da igualdade e da fraternidade triunfou mais uma vez”, e fez um apelo ao diálogo no país: “hoje, aqueles de nós que abraçam essas bandeiras estão muito felizes, mas há outra parte do nosso povo que tem um sentimento diferente, essas pessoas também terão que nos ajudar a construir um país melhor, precisamos delas também”, convocou.
O atual mandatário Lacalle Pou já ligou para o presidente eleito para parabenizá-lo e se “colocar sob seu comando e iniciar a transição assim quando entender que é pertinente”, segundo escreveu em suas redes sociais.
Yamandú Orsi é ex-governador do departamento (província) de Canelones, região que conforma boa parte do que se considera como a Grande Montevidéu. Sua gestão marcada por uma alta aprovação o ajudou a vencer as prévias frenteamplistas contra a prefeita da capital Carolina Cosse, cujo governo também é muito bem avaliado – Cosse agora é sua vice-presidente eleita.
Outro fator que favoreceu Orsi e a Frente Ampla é a comoção em torno do ex-presidente Pepe Mujica (2010-2015) que sofre de um câncer no esôfago. Apesar de estar submetido a um tratamento, e mesmo aos seus 89 anos, o ex-guerrilheiro tupamaro participou dos comícios da coalizão progressista, sempre enfatizando, em seus discursos, que esta eleição marcará sua “despedida da política”.
Por sua vez, Delgado reconheceu a derrota por meio de um discurso que classificou como “um dos mais difíceis” de sua vida. “Mas na vida política, é preciso sempre respeitar a decisão soberana acima de tudo”, declarou o candidato de direita.
Na primeira parte da disputa eleitoral, a Frente Ampla recebeu 43,9% dos votos válidos, contra 26,8% do Partido Nacional. Segundo a Corte Eleitoral uruguaia, aquele dia de votação ocorreu sem problemas, com a participação de 88% dos eleitores aptos a votar.
Com a realização das eleições gerais, a população do país também renovou a Câmara dos Deputado e o Senado do país, que resultaram em um complexo panorama para Orsí como presidente eleito.
Na Câmara Baixa, a Frente Ampla elegeu a maior bancada, com 48 representantes. O número, porém, é insuficiente para alcançar a maioria simples entre as 101 cadeiras que compõem a Casa.
Já no Senado, a disputa terminou com a Frente Ampla obtendo maioria simples. A coalizão de esquerda passará a ter 16 senadores a partir de 2025, contra nove do Partido Nacional e cinco do Partido Colorado – que juntos somam 14 vagas.