Quinta-feira, 10 de julho de 2025
APOIE
Menu

O polêmico projeto de lei de impostos e gastos proposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, foi aprovado pelo Senado com uma margem estreita nesta terça-feira (01/07) de 51 votos contra 50. Nesta quarta-feira (02/07), a proposta segue para votação na Câmara dos Representantes.

O texto, apelidado pelo presidente de “One Big Beautiful Bill” (Um Grande e Belo Projeto), é considerado central para a agenda republicana e deve ser encaminhado à Casa Branca até 4 de julho, conforme exigência do republicano.

A votação no Senado ocorreu após uma maratona de sessões e emendas, encerrada com o voto de desempate do vice-presidente JD Vance, que desmembrou o projeto. A nova versão do texto incluiu alterações substanciais feitas pelos senadores.

Receba em primeira mão as notícias e análises de Opera Mundi no seu WhatsApp!
Inscreva-se

O presidente da Câmara, o republicano Mike Johnson (Louisiana), reconheceu que o Senado “foi um pouco mais longe do que muitos de nós teríamos preferido”, especialmente em relação às mudanças no Medicaid, o programa federal que oferece assistência médica a pessoas de baixa renda e com deficiência.

Para acomodar o impacto orçamentário, a proposta impõe novos requisitos de trabalho a beneficiários do Medicaid e limita a arrecadação de estados para financiar o programa, o que pode comprometer gravemente serviços básicos de saúde.

Ao final da votação de ontem, o líder da minoria democrata no Senado, Chuck Schumer (Nova York), classificou o texto como “uma grande e feia traição”, apontando que milhões de pessoas poderão perder acesso à saúde, empregos e segurança econômica, “em nome de isenções fiscais para os ricos e as grandes corporações”.

donald trump

Proposta orçamentária prevê cortes sociais e aumenta gastos militares
Casa Branca/Flickr

Críticas ao projeto

O projeto prevê redução de verbas em programas sociais, ampliação dos cortes de impostos implementados por Trump em 2017 e novas isenções fiscais. Também aumenta os gastos militares e reserva bilhões de dólares para reforçar o aparato de deportações e a construção de barreiras na fronteira com o México, além da contratação de mais de 10 mil agentes até 2029.

Apesar de aprovada em maio pela Câmara norte-americana, o projeto enfrenta forte resistência e não há garantias de sucesso na votação de hoje. Johnson conta com uma maioria mínima e tenta conter as críticas dos parlamentares, inclusive republicanos, com o aumento do déficit, os cortes em programas sociais e os efeitos das mudanças tributárias locais.

O projeto é criticado inclusive por parlamentares republicanos. O senador republicano Rand Paul (Kentucky) votou contra a proposta no Senado alegando preocupação com o impacto no déficit e na dívida pública. O Congressional Budget Office (CBO), órgão apartidário, estima que o projeto, em sua forma atual, adicionará US$ 3,3 trilhões ao déficit até 2034.

A senadora republicana Susan Collins (Maine) também se opôs à medida, alertando que ela “ameaçaria não apenas o acesso dos moradores do Maine à saúde, mas também a própria existência de vários hospitais rurais do nosso estado”.

Democratas

O líder democrata na Câmara dos Representantes, Hakeem Jeffries (Partido Democrata–Nova York), classificou a medida como “o maior corte no Medicaid da história americana” e afirmou que todas as ferramentas legislativas e processuais estão sobre a mesa para impedir sua aprovação final.

Os democratas já prometeram barrar o avanço da proposta e denunciam seu impacto social. “É um esquema gigantesco para roubar dos trabalhadores, das famílias em dificuldades e até mesmo dos asilos – tudo para enriquecer os já ricos com uma redução de impostos”, afirmou Ken Martin, do Comitê Nacional Democrata.

O Comitê para um Orçamento Federal Responsável, organização apartidária dedicada à responsabilidade fiscal, também condenou a proposta.

Sua presidente, Maya MacGuineas, declarou que “o projeto de lei do Senado falha em quase todos os testes de responsabilidade fiscal”. A entidade calcula que, caso certas cláusulas temporárias sejam tornadas permanentes, o impacto no déficit poderá ultrapassar US$ 5,4 trilhões até 2034, apontou.

Com The Guardian e New York Times.