Pelo quinto dia consecutivo, a Cidade da Guatemala está agitada neste domingo (17). Mais de quatro mil pessoas saíram às ruas para protestar, uma parte defendendo o presidente Álvaro Colom, a outra exigindo sua renúncia. É uma das piores crises políticas da história do país, desencadeada pela divulgação de um vídeo póstumo gravado pelo advogado Rodrigo Rosenberg.
Na gravação de 18 minutos, revelada na última segunda-feira, a vítima afirma saber que seria assassinada por “saber demais” e que os responsáveis pelo crime são Álvaro Colom, a primeira-dama Sandra Torres e o secretário particular do presidente, Gustavo Alejos.
Desde então, cresce o protesto de civis em frente ao Palácio Nacional. Assinaturas estão sendo recolhidas para um abaixo-assinado a favor da renúncia. Líderes da oposição pedem que o presidente deixe o cargo enquanto se investiga o caso. A família de Rosenberg convocou para este domingo uma marcha para exigir que os responsáveis pelo crime sejam identificados e punidos.
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Simpatizantes de Alvaro Colom em manifestação na última sexta (15), na capital. Foto: Ulises Rodríguez/EFE
O presidente recebeu apoio de 192 dos 332 prefeitos e de todos os governadores, e afirma que não deixará a presidência. Ele se defende dizendo que “inimigos poderosos” estão por trás do assassinato de Rosenberg, que tem como objetivo tirá-lo do poder.
Ele atribui a suposta conspiração ao julgamento de ex-chefes militares da Guatemala, acusados de assassinatos e tortura durante a guerra civil (1960-1996), em que confrontos entre governo e grupos guerrilheiros de oposição deixaram um número de mortos estimado em até 250 mil, além de quase 50 mil desaparecidos.
Colom abriu arquivos militares para que fossem usados em processos contra oficiais da reserva por genocídio. Também tem apoiado vítimas da guerra civil no recolhimento de depoimentos.
“É uma conspiração, e nós vamos conseguir provar”, afirmou o presidente.
Destituição
A promotora Claudia Muñoz, responsável pela investigação do assassinato do advogado Rodrigo Rosenberg, foi destituída ontem por ter vínculos com o governo, segundo relatos da imprensa.
Na terça-feira, Colom pediu que enviassem um inspetor do FBI para ajudar na investigação. A Comissão Internacional Contra a Impunidade na Guatemala, grupo ligado à Organização das Nações Unidas (ONU), trabalha no caso.
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